Em 20 anos, 345 milhões de pessoas foram expostas ao aquecimento das áreas degradadas Brasil, Calor extremo, Desmatamento, Fiocruz, Morte CNN Brasil
Nas regiões tropicais do mundo, a perda de floresta está relacionada ao aumento de temperatura local e à elevação de mortalidade das pessoas. O desmatamento das florestas matam aproximadamente 28.330 mil pessoas por ano, de acordo com um estudo publicado na revista científica Nature Climate Change, nesta quarta-feira (27).
Entre 2001 e 2020, 345 milhões de pessoas foram expostas ao aquecimento local resultante do desmatamento em regiões tropicais. Em média, essas populações experimentaram um aumento de 0,27 °C na temperatura da superfície terrestre durante o dia — variação que pode ter efeito significativo nas mortes. Cerca de 2,6 milhões de pessoas foram expostas a aumentos superiores a 3 °C.
O Sudeste Asiático concentrou a maior parte das mortes estimadas, entre 8 e 11 mortes por 100 mil habitantes expostos em áreas desmatadas. Em regiões da África e das Américas, o desmatamento foi responsável por mais de um terço de mortes relacionadas ao calor atribuída às mudanças climáticas,
A pesquisa, liderada pelo Instituto de Ciência do Clima e Atmosfera da Universidade de Leeds (Reino Unido), em colaboração com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade Kwame Nkrumah de Ciência e Tecnologia (Gana), o estudo mostram o papel decisivo do desmatamento na carga de mortalidade e nos riscos à saúde pública.
Em quase 20 anos, perda de 1,6 milhão de km² de florestas tropicais elevou desproporcionalmente as temperaturas nas áreas desmatadas. Enquanto regiões preservadas aqueceram em média +0,20 °C, as desmatadas chegaram a +0,70 °C — três vezes acima da média.
Entre 2003 e 2018, 2,8 milhões de trabalhadores foram expostos a níveis de calor acima do limite seguro para atividades ao ar livre, o que compromete desempenho físico e cognitivo, aumenta doenças cardiovasculares e a mortalidade. Países de baixa renda são os mais vulneráveis, pela falta de infraestrutura e acesso a tecnologias de adaptação.
“Além do desempenho físico e cognitivo comprometido, a exposição ao calor extremo está ligada a doenças cardiovasculares e aumento de mortalidade por causas diversas”, destaca o estudo.