Relatório publicado indica situação melhor para o cumprimento da meta fiscal neste ano do que em 2024 Macroeconomia, CNN Brasil Money, fiscal, Juros, Selic, Tarifa CNN Brasil
Os indicadores econômicos do primeiro semestre de 2025 indicam uma situação melhor para o cumprimento da meta fiscal neste ano do que o observado em 2023 e em 2024. A avaliação é do Relatório de Acompanhamento Fiscal da IFI (Instituição Fiscal Independente) do Senado Federal, publicado nesta quinta-feira (17).
A meta fiscal de 2025 é de déficit zero, ou seja, de equilíbrio entre receitas e despesas primárias.
Apesar do cenário mais favorável, o documento ressalta que a combinação da política monetária contracionista — a Selic a 15% — com um quadro externo instável — em razão da tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos — deve resultar na redução do crescimento econômico em 2025.
A IFI projeta que o PIB (Produto Interno Bruto) deste ano cresça 2,4%. Em 2024, a economia brasileira cresceu 3,4%.
“O setor externo assumiu o protagonismo no debate econômico, a partir do anúncio da taxação em 50% das exportações brasileiras para os Estados Unidos. Ainda não estão claros os efeitos sobre a economia nacional e as medidas que serão tomadas pelo governo brasileiro”, diz o relatório da IFI.
Com base em informações do Tesouro Nacional e do Siga Brasil, o governo central registrou déficit primário de R$ 8,7 bilhões no primeiro semestre de 2025, montante R$ 58,6 bilhões, superior ao déficit apurado em igual período de 2024.
Segundo a IFI, o resultado é reflexo da aprovação do orçamento de 2025 em março, o que afetou a execução de despesas com controle de fluxo, incluindo as despesas discricionárias.
A partir do aumento da execução de despesas no segundo semestre, o resultado primário do ano deverá piorar, ainda que, não venha a comprometer o atingimento da meta fiscal do exercício, de acordo com o relatório.
“Ainda que a arrecadação tenha mostrado desempenho relativamente robusto na primeira metade do ano, eventuais frustrações de receitas podem prejudicar o cumprimento da meta fiscal do ano. As recentes incertezas trazidas pelo anúncio de tarifas do governo norte-americano ao Brasil podem influenciar expectativas e produzir choques negativos sobre a atividade econômica”, diz a IFI.
No relatório anterior, publicado em junho, a IFI atualizou a estimativa para o resultado primário do governo central em 2025 para um déficit de R$ 78,1 bilhões (0,6% do PIB), sem os abatimentos de despesa previstos na legislação.
Com os abatimentos previstos, no montante de R$ 45,3 bilhões e da contenção adicional de R$ 1,8 bilhão, a meta de resultado primário deve ser cumprida, no limite inferior da banda.
Na avaliação da IFI, o Executivo não precisa da totalidade da receita oriunda dos decretos de elevação das alíquotas do IOF e da medida provisória (MP 1.303) com alternativas de arrecadação para cumprir a meta de resultado primário deste ano.
Segundo a IFI, a maior dificuldade para o Executivo reside no cumprimento da meta fiscal a partir de 2026.
“O cumprimento da meta de 2025 ocorreria, sem as receitas do IOF ou da MP nº 1.303, por uma margem relativamente apertada. Ou seja, em caso de frustração de receitas em razão, por exemplo, de algum choque ou da desaceleração mais acentuada da atividade econômica, o cumprimento da meta fiscal de 2025 ficaria dificultado”, diz a IFI.
Acima do potencial
A combinação do aquecimento da atividade econômica e do mercado de trabalho no primeiro trimestre indica que a economia brasileira iniciou o ano operando acima do seu nível potencial, gerando pressões inflacionárias. Em março, a taxa de desemprego recuou para 7% e o PIB cresceu 1,4%.
A estimativa da IFI para o hiato do produto no segundo trimestre é de 0,6%, próxima à projeção do Banco Central (0,5%).
O hiato do produto funciona como um indicador do ciclo econômico. Quando está positivo, sinaliza que a economia opera acima de sua tendência, com maior propensão a pressões inflacionárias. Por outro lado, quando está negativo, sugere a existência de ociosidade nos fatores de produção.
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