Em evento do setor de infraestrutura, ministro também falou sobre licenciamento ambiental e emendas parlamentares Política, Emendas, Flávio Dino, STF (Supremo Tribunal Federal) CNN Brasil
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou nesta quinta-feira (5) o uso excessivo de celulares pelos parlamentares durante sessões do Congresso Nacional. Dino falou durante o evento ABDIB Fórum 2025.
“Hoje tem mais deputado com celular em punho do que discussão na tribuna. Está no lugar errado. Vá para Hollywood, fazer filme, ser diretor, ganhar prêmios, concorrer com Walter Salles”, disse o ministro.
“Se proibisse celular na Câmara e no Senado, o Parlamento iria funcionar melhor”, prosseguiu o ministro. “Mas estou falando sério, parece uma coisa anedótica, mas poucos parlamentos do mundo permitem aquilo”, completou no evento promovido pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base.
O ministro ainda criticou os vídeos feitos por parlamentares que buscam apenas a “espetacularização da política”. “A métrica de quem faz isso são os likes”, afirmou.
A fala do ministro, que já foi integrante do governo Lula (PT), ocorre em meio a uma batalha discursiva entre o governo e a oposição, principalmente relacionada aos vídeos do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que ganharam alta repercussão com críticas às alterações no PIX e ao escândalo do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Licenciamento ambiental
No evento, o ministro do Supremo ainda criticou a flexibilização das licenças ambientais, tema que está sendo tratado no Congresso.
“Eu realmente creio que, como tudo na vida, a virtude está no meio tempo. Não pode ser sem licença. O setor privado brasileiro sério quebraria se não houvesse licença de nada”, destacou.
Entrave sobre emendas
Dino ressaltou no encontro que entende que as emendas são importantes para os municípios, principalmente para descentralização do orçamento. O ministro pontuou que, no entanto, os processos para dar mais transparência e rastreabilidade sobre os recursos.
“Em um ano, avançamos onde não havia regulação alguma, praticamente. E hoje, nós temos caminhado bem”, disse. “Remanesce o terceiro problema, contudo, que tem a ver com o setor de vocês [de infraestrutura]. Há uma arquitetura no Estado brasileiro na repartição de competências. Isso não se refere só à feitura de leis. Se refere à realização de investimento’, explicou.
“As emendas cresceram e viraram impositivas, e não estou discutindo se isso é bom ou ruim, porque terei que julgar, em algum momento, você desloca recursos da esfera federal para as esferas municipais. E isso impacta nos investimentos da infraestrutura”, completou Dino.
O ABDIB Fórum 2025 ocorre em Brasília e reúne autoridades dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além de executivos das principais empresas do setor e lideranças e especialistas, para discutir as principais demandas da infraestrutura e indústria de base no país.
