Alberto Longo diz defender igualdade nas pistas através da formação desde a base, para que mulheres corram com homens Automobilismo, CNN Esportes, Fórmula E, outros esportes CNN Brasil
O cofundador e diretor de campeonato da Fórmula E, Alberto Longo, defendeu que o automobilismo precisa trazer as mulheres para as competições que já existem, em vez de criar categorias exclusivas para elas.
“Se uma mulher for competitiva, ela deve correr contra os homens, não ter um campeonato separado”, opinou Longo à Reuters nesta quarta-feira (8).
A visão do dirigente contrasta com a abordagem da Fórmula 1, que criou a F1 Academy como plataforma de desenvolvimento exclusiva para mulheres.
Longo, por outro lado, diz preferir abordar o problema em sua origem, com o programa FIA Girls on Track, iniciativa da Fórmula E.
“Há 50 anos, um pai levava o filho para o kart e a filha para comprar bonecas. Hoje, por que não levar os dois?”, provocou.
A disparidade de gênero ficou evidente no teste de novatos da Fórmula E em Berlim, em julho, com apenas quatro mulheres entre os participantes.
A britânica Abbi Pulling, campeã da F1 Academy em 2024 e atual piloto da GB3, foi a melhor colocada, terminando em 17º lugar com a equipe Nissan.
“Se alguém me dissesse hoje que uma mulher vai entrar na Fórmula 1 ou na Fórmula E, eu diria que ainda não estamos prontos. Estamos 50 anos atrasados”, confessou Longo.
“Nosso objetivo é recuperar esse tempo nos próximos 10 a 15 anos, até que elas possam competir em igualdade.”
Segundo ele, a principal barreira ainda é a falta de experiência desde a infância. “Se você começa a correr aos seis ou oito anos, aos 16 já estará no mesmo nível. Mas as meninas não têm esse mesmo tempo de pista.”
Fórmula E já teve mulheres no grid, mas presença sumiu
O Girls on Track, já em sua sétima edição, envolveu mais de 4.500 jovens, de 12 a 18 anos, em um esporte em que as mulheres ainda representam apenas 3% dos competidores licenciados no mundo.
Atualmente, a Fórmula E não conta com nenhuma piloto no grid, sendo que já teve até três nas primeiras temporadas. Mesmo assim, Longo afirma que o cenário em outros setores é diferente.
“Hoje, 54% da força de trabalho da Fórmula E é composta por mulheres, com presença feminina em todas as equipes, seja como engenheiras ou mecânicas”, ressaltou. “Criamos espaço e abrimos portas para isso acontecer.”
Fórmula E mira expansão de corridas na China
Além da diversidade de gênero, a Fórmula E projeta uma expansão significativa na China, mercado líder global de veículos elétricos, com a possibilidade de realizar até quatro corridas no país.
O calendário provisório de 2025-26 já inclui duas corridas em Xangai, nos dias 4 e 5 de julho, com outras duas datas, 30 de maio e 20 de junho, ainda aguardando definição.
“O crescimento da categoria na Ásia é espetacular. Não é apenas estratégia, é uma demanda voraz pelo nosso produto. Queremos crescer lá e eles querem que cresçamos. É um casamento perfeito”, avaliou Longo.
Ainda segundo ele, o cenário nos Estados Unidos é bem diferente, especialmente após a administração do ex-presidente Donald Trump reduzir incentivos aos veículos elétricos.
Mesmo assim, a Fórmula E projeta pelo menos duas etapas no país a médio prazo, uma em cada costa, com o objetivo final de correr em seis cidades norte-americanas.