O Haval H6 é o segundo carro híbrido mais vendido do Brasil, com 39.398 unidades comercializadas desde que foi lançado até maio de 2025. Uma boa parcela destes carros corresponde aos Haval H6 PHEV, cujos proprietários reclamam de um travamento do plugue de recarga quando a bateria não completa 100%. A culpa é de uma atualização e a “solução” é inusitada.
Esse travamento só começou a acontecer após a atualização de software, feita remotamente, pela internet, em outubro de 2024.
“Eu adquiri o meu Haval H6 PHEV34 em fevereiro de 2024, mas já tinha conhecimento que antes da atualização era possível liberar a pistola de carregamento com um simples comando na chave (tranca/destranca por duas vezes) e agora é necessário recorrer a gambiarras para fazer a liberação”, conta o bancário Bruno Faria, 37 anos, em entrevista à QUATRO RODAS.
Esse bloqueio só ocorre em carregadores lentos(AC), sejam eles portáteis ou do tipo wallbox. No caso dos carregadores rápidos (DC), não há relatos de travamento do plugue.
O que causou indignação no proprietário é que consultores da própria rede GWM admitem que é necessário “driblar” o próprio sistema do carro para conseguir destravar o plugue.
“Temos um grupo do Whatsapp apenas com proprietários GWM e todos afirmam que a rede orienta duas possibilidades para o destravamento: programar um horário futuro para a recarga ou então utilizar a tal cordinha para forçar uma remoção da pistola mesmo energizada”, diz Faria. Essa cordinha é utilizada para o destravamento do carregador em caso de emergência, tal e qual os dispositivos para a abertura do bocal do tanque presente em alguns carros a combustão.
Um vídeo que circula no grupo mostra o procedimento da programação do horário futuro na central multimídia que possibilita o destravamento da pistola de carregamento.
Já a orientação de “puxar a cordinha”, também conhecido como cordão de contingência, trata-se de um procedimento emergencial e que não deveria ser recomendado, pois a interrupção abrupta do carregamento pode levar a sobrecarga ou danos no carregador e no sistema de carregamento do veículo.

O cordão dos Haval fica localizado dentro da caixa de roda traseira ao lado do bocal de abastecimento e os donos reclamam de ficarem sujeitos a cortes nas mãos, além de sujarem a roupa ao utilizarem o dispositivo.
Um relato dentro do app My GWM (logo abaixo) mostra a revolta do cliente Renato Rocha que acabou manchando a camisa após ter que recorrer ao procedimento de emergência para conseguir destravar o plugue.
O proprietário Faria chegou a criar um site chamado (cordinhanao.com.br) no qual afirma já ter mais de 300 apoiadores da causa. “Além do site, também entramos com um pedido junto ao Procon/DF para que a GWM solucione o problema de forma definitiva”, diz Faria.

No site há quatro relatos de proprietários com as mesmas reclamações de Faria e o que mais chama a atenção é o do Danilo Oliveira, de Vila Velha (ES):
“Já passei por várias situações em que precisei usar a cordinha para destravar o carregador. No início, não fazia ideia de que se tratava de uma falha no sistema, achava que eu era que estava cometendo algum erro. Só mais tarde descobri que, sempre que o carro não estivesse com a carga completa, esse problema aconteceria. Fiquei muito decepcionado ao saber disso, ainda mais ao perceber que a GWM não está se empenhando para resolver a situação. Recentemente, tive uma experiência particularmente frustrante. Fui até o meu sítio, onde havia bastante lama, coloquei o carro para carregar, mas precisei sair antes da carga terminar. Como resultado, tive que destravar o carregador manualmente e acabei sujando toda a minha roupa. É lamentável que algo assim ainda ocorra.”
Consultada sobre as reclamações a GWM respondeu por meio de nota oficial, que publicamos na íntegra a seguir:
“A GWM Brasil teve conhecimento de alguns relatos sobre a dificuldade em retirar o plugue de carregamento do Haval H6. Reforçamos que a forma adequada de interromper a recarga nesses casos pode ser via painel multimídia, via aplicativo My GWM ou via carregador wallbox fornecido junto ao veículo, sendo o cordão de contingência necessário apenas para casos excepcionais. Tendo ciência da insatisfação dos nossos clientes, a GWM está trabalhando para criar uma experiência mais adequada às suas expectativas.”

O proprietário Faria já havia recebido essas orientações pelo Reclame Aqui e por meio da rede GWM, porém, ele argumenta que não existe um comando na central multimídia que permite encerrar a recarga, sendo necessária uma programação de recarga futura que aumenta o tempo de operação e não consta no manual do usuário como alternativa.
Segundo Faria o app My GWM também não tem um comando para desabilitar a recarga, função que só estaria disponível para donos do GWM Tank 300.
Com informações de Waldez Carmo Amorim