Consultoria 4intelligence indica que viés contracionista das finanças públicas na primeira metade de 2025 foi temporário e será revertido até o fim deste ano Macroeconomia, CNN Brasil Money, financas publicas, fiscal, Governo CNN Brasil
O viés contracionista das finanças públicas na primeira metade de 2025 foi temporário, está em processo de reversão e deve ser substituído por um novo impulso fiscal expansionista até o fim deste ano.
A tendência foi identificada em estudo da consultoria 4intelligence (fusão recente das áreas macroeconômicas da LCA e da MCM) distribuído a clientes depois que a Câmara dos Deputados enterrou, na semana passada, a MP 1303 — medida provisória com novas taxações sobre bets, fintechs e aplicações financeiras.
O impulso fiscal é definido como a variação do resultado primário do governo central na comparação com o período anterior. Os cálculos já captam despesas fora da meta fiscal e tentam identificar se a influência sobre a demanda agregada na economia brasileira é favorável ou desfavorável.
Segundo o estudo, desde o fim de 2024, o impulso fiscal tem sido negativo (contracionista).
Nos 12 meses encerrados em junho de 2025, houve impulso negativo de 2,4% do PIB no resultado primário e de 1,5% no resultado primário estrutural. Ou seja, as finanças públicas melhoraram na comparação com o período anterior.
“Isso significa que a política fiscal caminhou para uma posição mais sustentável, comparada ao período anterior, e contribuiu para frear a demanda agregada durante esse intervalo, o que contrasta com o ocorrido durante boa parte de 2023 e 2024”, afirma o relatório.
O problema, conforme a 4intelligence, é que os melhores resultados fiscais baseiam-se em questões “episódicas” da primeira metade de 2025 e não devem se sustentar na segunda metade do ano:
1) O orçamento de 2025 foi aprovado com atraso e o governo optou por um desembolso de 1/18 avos da proposta orçamentária ao longo do primeiro trimestre.
2) Pagamento de precatórios se concentrou em períodos de 2023 (dezembro) e 2024 (fevereiro) que geraram viés expansionista no primeiro semestre, nesses dois anos, enquanto em 2025 o pagamento ficou majoritariamente para julho e provocou impulso positivo apenas no segundo semestre.
3) Arrecadação apresentou desempenho excepcional na primeira metade de 2025, devido à força da economia.
4) Menores desembolsos de emendas parlamentares no primeiro semestre de 2025, com o atraso no orçamento.
“Todos esses fatores não estarão mais presentes na segunda metade de 2025. Como se sabe, o orçamento foi aprovado e as despesas passaram a ser liberadas em ritmo normal, inclusive aquelas com comando constitucional – como saúde e educação – e as emendas parlamentares, que ganharam forte tração nos últimos meses; houve pagamento de precatórios em julho (embora o efeito na demanda provavelmente ocorra pouco depois); e o crescimento da arrecadação federal perdeu fôlego, ao apresentar a primeira queda real em agosto, após crescimento real contínuo até então”.
Tudo isso posto, segundo a consultoria, o impulso fiscal estrutural sairá de -1,5% do PIB em junho de 2025 para zero em dezembro de 2025. “Na margem, neste semestre, a política fiscal será expansionista”, conclui o estudo.
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