Anotação com a frase “água mole fura”, à qual a CNN teve acesso, está no inquérito da PF que investiga suposta tentativa de golpe Política, Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, PF (Polícia Federal), Vacina CNN Brasil
Uma anotação apreendida pela PF (Polícia Federal) mostra que o general Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), defendeu que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) tomasse a vacina contra a Covid-19 durante a pandemia.
Bolsonaro sempre se posicionou contra a vacinação e mantém o discurso de que não se vacinou.
A anotação de Heleno, que a CNN teve acesso, refere-se a uma reunião com Bolsonaro e diz: “Cidadão é livre para tomar ou não vacina. PRESIDENTE TEM QUE TOMAR VACINA. Água mole fura”.
O general escreveu em letras maiúsculas a recomendação para que Bolsonaro se vacinasse.
Ele também registrou outras críticas ao governo na época da pandemia: “Há um rombo na popularidade do presidente. [Ele] desdenha do vírus. Não tem gestão. Nada está bom”, diz a anotação na agenda de Heleno.

O caderno também revela que o então ministro estava atento ao avanço do vírus no Brasil. Nas 101 páginas analisadas pela reportagem, há diversas anotações sobre a quantidade de doses que chegavam ao país e o número de mortes, que na época ultrapassava 500 mil.
Esse dado, registrado nas páginas apreendidas pela PF, indica que as anotações são de meados de junho de 2021.
Heleno, assim, se posicionou de forma distinta em relação ao governo Bolsonaro e ao discurso anti-vacina. O militar tomou sua primeira dose em março de 2021, no primeiro lote disponível, aos 73 anos, um ano após testar positivo para o vírus.
Bolsonaro, por sua vez, se posicionou publicamente contra a vacinação de pessoas que já tiveram a doença.
“Eu não vou tomar, alguns falam que eu estou dando um péssimo exemplo. O imbecil, o idiota que está dizendo do péssimo exemplo… Eu já tive o vírus”, afirmou na época.
A agenda do general Heleno com essas anotações foi apreendida em fevereiro de 2024, durante a operação Tempus Veritatis, que investigou uma suposta trama golpista. A análise desse material foi incluída no relatório da Polícia Federal.