Na quarta-feira (9), Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou parecer que pede a cassação de Glauber Braga por quebra de decoro parlamentar
Este conteúdo foi originalmente publicado em Em greve de fome contra cassação, deputado diz estar há 30 horas sem comer no site CNN Brasil. Política, Câmara dos Deputados, Glauber Braga CNN Brasil
Em meio ao processo que pode resultar na cassação do seu mandato, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) diz estar há mais de 30 horas sem comer, em greve de fome.
“Estou há 30 horas e 30 min. fazendo somente a ingestão de líquidos. Estou no mesmo plenário que votou a minha cassação no dia de ontem. Essa tática radical é fruto de uma decisão politica: não serei derrotado por Arthur Lira e pelo orçamento secreto. Vou às últimas consequências”, escreveu o parlamentar em sua conta oficial no X (antigo Twitter).
Na quarta-feira (9), o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou, por 13 votos a 5, o parecer que pede a cassação do psolista por quebra de decoro parlamentar.
Agora, o deputado poderá recorrer da decisão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Se a CCJ rejeitar o recurso, o processo será encaminhado para o plenário, onde a cassação deverá receber ao menos 257 votos para ser aprovada.
Glauber é acusado de empurrar e expulsar um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) do Congresso Nacional durante uma confusão em 2024. Na ocasião, o parlamentar chegou a chutar o homem.
O parlamentar anunciou que faria greve de fome ainda durante a votação do processo no Conselho de Ética. Segundo ele, a ação será feita até que que todo o trâmite sobre sua cassação seja encerrado na Casa Legislativa. Na ocasião, o parlamentar também afirmou que passará as noites na sala onde a votação do processo ocorreu.
“Tomei a decisão de ir até o limite dessa história. A partir de hoje, desde a manhã, permaneço aqui [no plenário do Conselho de Ética]. Para além disso, já estou em jejum e vou continuar até o desfecho desse processo”, afirmou.
Entenda o processo
Glauber Braga é acusado de empurrar e expulsar um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) do Congresso Nacional em abril de 2024.
Na ocasião, o deputado e o influenciador identificado como Gabriel Costenaro discutiram dentro da Câmara. O parlamentar expulsou Costenaro do prédio com empurrões e chutes, com a confusão se arrastando até a rua (veja no vídeo abaixo).
Uma representação contra o psolista foi apresentada ainda em abril passado pelo partido Novo. A legenda argumentou à época que Glauber ameaçou agredir o integrante do MBL caso ele tentasse entrar novamente no anexo.
Na semana passada, o relator da ação no Conselho de Ética da Câmara, Paulo Magalhães (PSD-BA), deu seu parecer favorável à cassação do mandato do colega de Casa.
O relator alegou que os empurrões e chutes do deputado do PSOL foram comprovados por vídeos e que Costenaro não reagiu, além de ter sido agredido fora das dependências da Câmara.
“A instrução probatória nesses autos revelou prática por parte do representado de procedimento incompatível com o decoro parlamentar. Exige-se do congressista a adoção de conduta irretocável, uma vez que o interesse público não aceita deslizes na sua atuação”, declarou o relator.
“Diante das provas produzidas nos autos, verifica-se que o representado [Glauber Braga] extrapolou os direitos inerentes ao mandato, abusando, assim, das prerrogativas que possui. (…) É uma quebra nítida de decoro parlamentar. (…) Diante o exposto, voto pela procedência da representação número 5 de 2024 com a consequente aplicação ao deputado Glauber Braga da sanção de perda de mandato”, concluiu.
O que diz Glauber Braga
O parlamentar do PSOL afirma que o ativista do MBL tinha um histórico de provocações contra ele que culminaram em ofensas à sua mãe.
Ele não poupou críticas ao relator do caso e acusou o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) de ser o real autor do parecer exposto por Paulo Magalhães.
“O relator, no seu desespero em poder agradar quem de fato escreveu o relatório, nem disfarçou. O que eu disse naquele dia, deputado, e o que eu repito aqui no dia de hoje, é que quem escreveu o seu relatório foi o senhor Arthur Lira.”
A CNN entrou em contato com o deputado Arthur Lira e aguarda retorno. O espaço segue aberto para manifestação.
*Com informações de Lucas Schroeder, Manoela Carlucci e Rebeca Borges, da CNN, e da Agência Câmara
Este conteúdo foi originalmente publicado em Em greve de fome contra cassação, deputado diz estar há 30 horas sem comer no site CNN Brasil.