Com base nos depoimentos e laudos, informações conflitam e levantam questões sobre as circunstâncias da morte São Paulo, -agencia-cnn-, Autódromo de Interlagos, Investigação, São Paulo (geral) CNN Brasil
A morte do empresário Adalberto Amarilio dos Santos Junior no Autódromo de Interlagos é cercada por sérias contradições entre os depoimentos e os laudos da Polícia Técnico-Científica.
Empresário morto em Autódromo de SP foi vítima de asfixia, aponta laudo
Com base nos depoimentos colhidos pela Polícia Civil e nos laudos da Polícia Técnico-Científica, algumas informações são conflitantes e levantam questões sobre as circunstâncias da morte do empresário.
As principais divergências e indagações incluem as declarações do amigo que estava com Adalberto, Rafael Aliste, sobre o consumo de drogas e bebida; as condições em que o corpo foi encontrado; o destino do empresário após se despedir do amigo; e as manchas de sangue encontradas no carro dele.
Consumo de álcool e drogas x laudo toxicológico
Rafael relatou à polícia que ele e Adalberto consumiram cerca de oito copos de cerveja e maconha, que receberam de pessoas desconhecidas no evento.
Ele também afirmou que, devido à mistura de álcool e maconha, Adalberto estava “muito nervoso, ansioso, agitado, muito eufórico”. Rafael chegou a dizer que Adalberto estava “embriagado” e mais agitado do que o normal por causa da mistura.
O laudo toxicológico preliminar do Instituto Médico-Legal (IML), no entanto, apontou “zero” para álcool e drogas no corpo de Adalberto, o que contradiz diretamente o depoimento de Rafael.
A delegada Ivalda Aleixo considerou a descrição de euforia “curiosa”, já que maconha e bebida são substâncias depressoras do sistema nervoso. Esta contradição levou a polícia a considerar o depoimento de Rafael com “falhas e lacunas” e a exigir um novo depoimento, submetendo-o à técnica de perfilamento criminal.
Destino alegado e condição do corpo
Rafael afirmou que Adalberto se despediu para ir ao estacionamento buscar o carro e jantar com a esposa.
Adalberto foi encontrado em pé, sem calça e sem tênis, dentro de um buraco estreito de 2 a 3 metros de profundidade em uma área de obra isolada. A limpeza da cueca e dos pés de Adalberto sugere que ele não andou na terra ou foi arrastado, mas sim carregado no colo ou teve suas roupas removidas muito próximo ao buraco.
A polícia concluiu que “tudo indica que ele não chegou ao carro”.
Um laudo da Polícia Técnico-Científica apontou resultado positivo para PSA (Antígeno Prostático Específico), indicativo de presença de proteína do sêmen na região do pênis do empresário. Contudo, o exame deu negativo para as regiões do ânus e da boca, e não permite determinar o contexto em que o material biológico foi encontrado.
A polícia já descartou a hipótese de queda acidental no buraco. Além disso, a diretora do DHPP, Ivalda Aleixo, destacou que o fato de ele estar “sem calça, sem tênis, de capacete e em um lugar que não tinha passagem” chama muito a atenção.
Ausência de sinais de agressão e novas descobertas
Inicialmente, a polícia afirmou que não havia sinais aparentes de agressão no corpo.
Contudo, perícias posteriores identificaram escoriações no pescoço de Adalberto e escoriações no joelho que são compatíveis com ferimento de natureza vital, ou seja, que ocorreram enquanto a vítima ainda estava viva.
A hipótese de “mata-leão”, um golpe que pode causar asfixia sem deixar marcas visíveis no corpo, começou a ser considerada. A causa oficial da morte foi posteriormente confirmada como asfixia, levando a investigação a ser tratada como homicídio.
Perfil da vítima e circunstâncias da morte
Familiares e amigos descrevem Adalberto como uma pessoa tranquila, reservada, sem dívidas, desentendimentos ou inimizades conhecidas, e não envolvido em atividades suspeitas. Ele possuía um patrimônio milionário, incluindo imóveis e cerca de R$ 1 milhão em conta empresarial.
“Pior noticia da minha vida”, diz esposa de empresário morto em Interlagos
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1 de 4Fernanda Dândalo, esposa do empresário Adalberto Júnior, encontrado morto em Interlagos • Reprodução/Redes Sociais
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2 de 4Fernanda Dândalo, esposa do empresário Adalberto Júnior, encontrado morto em Interlagos • Reprodução/Redes Sociais
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3 de 4Fernanda Dândalo, esposa do empresário Adalberto Júnior, encontrado morto em Interlagos • Reprodução/Redes Sociais
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4 de 4Adalberto era apaixonado por motos e por corrida • Reprodução/redes sociais
A forma como foi encontrado (em buraco, sem roupas, com vestígios de asfixia e escoriações) e o cenário (local isolado, manchas de sangue no carro) contrastam fortemente com o perfil descrito pela família.