Adalberto Amarilio dos Santos Junior, de 36 anos, foi encontrado em um buraco de obra no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, no dia 3 de junho São Paulo, -agencia-cnn-, Autódromo de Interlagos, Investigação, São Paulo (geral) CNN Brasil
A investigação da morte do empresário Adalberto Amarilio dos Santos Junior, de 36 anos, encontrado em um buraco de obra no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, tem se desenrolado em várias etapas desde o dia 3 de junho, quando ele foi encontrado.
O caso de Adalberto ilustra a complexidade do processo de investigação, especialmente na fase inicial, com a Polícia Civil buscando determinar se foi a morte foi decorrente de crime ou acidente.
O ordenamento jurídico impõe o inquérito policial, na fase preliminar das investigações, para determinar a sequência real dos fatos. O corpo do empresário foi localizado em 3 de junho por um funcionário, dias após seu desaparecimento em 30 de maio.
Entenda inquérito policial
A polícia judiciária apura as infrações penais e a sua autoria, buscando reunir informações e provas que possam embasar uma futura ação penal. A autoridade policial deve se dirigir ao local, preservar o cenário, apreender objetos, coletar provas, realizar reconhecimento de pessoas e coisas, e determinar perícias.
Inicialmente, sabemos que Adalberto estava em pé, sem calça e sem tênis, com capacete e celular próximos, em um buraco de 2 a 3 metros de profundidade em uma área de obra isolada e não usual para passagem.
A Polícia Civil descartou as hipóteses de acidente e latrocínio (roubo seguido de morte). Uma queda acidental seria improvável devido à posição do corpo e à limpeza de pés e cueca, sugerindo que foi carregado ou teve as roupas removidas no local. O latrocínio foi afastado porque, apesar do desaparecimento de uma câmera acoplada ao capacete, nenhum item de valor do vítima desapareceu.
Fase atual
A fase atual ainda está na etapa de investigação, aguardando os laudos e o aprofundamento das informações para que se possa construir uma denúncia
As inconsistências no depoimento do amigo Rafael e a aplicação do perfilamento criminal indicam a busca por esclarecimentos antes de qualquer acusação formal.
A perícia encontrou escoriações no pescoço, levantando a possibilidade de um “mata-leão”. Manchas de sangue humano foram localizadas no carro de Adalberto, enquanto exames de confronto genético estão pendentes.
O laudo toxicológico do IML contradisse o depoimento do amigo Rafael Aliste, apontando zero para álcool e drogas, apesar de Rafael ter afirmado o consumo. Devido a “falhas e lacunas” em seu relato, Rafael prestou um novo depoimento de seis horas, submetido à técnica de perfilamento criminal.
A polícia continua analisando imagens, ouvindo testemunhas (incluindo seguranças e organizadores do evento) e familiares. O perfil de Adalberto, descrito como tranquilo e com patrimônio milionário, contrasta com as circunstâncias da morte.
A polícia está refazendo os possíveis caminhos de Adalberto no autódromo para entender se foi por vontade própria ou levado. A causa oficial da morte ainda não foi divulgada, aguardando-se a conclusão de todos os laudos periciais para focar na linha de investigação.
Fase processual
Com a conclusão do inquérito policial e a obtenção dos laudos e provas necessárias, a investigação pode se formalizar em um processo penal (ação penal).
Se as evidências levarem à identificação de um ou mais suspeitos, o Ministério Público poderá oferecer a denúncia, dando início à fase judicial. A morte de Adalberto pode envolver crimes graves como homicídio qualificado (Art. 121, § 2º do Código Penal), lesão corporal seguida de morte (Art. 129, § 3º do Código Penal), e ocultação de cadáver (Art. 211 do Código Penal).
Se houver participação de mais de uma pessoa, aplicar-se-ia o concurso de pessoas (Art. 29 do Código Penal). Ademais, caso se comprove que alguma testemunha forneceu informações falsas, ele poderá responder por falso testemunho (Art. 342 do Código Penal).
A discrepância entre o perfil tranquilo e a vida sem inimizades de Adalberto e as circunstâncias de sua morte, aliada às evidências coletadas, são elementos-chave para o desenrolar do processo legal.