As empresas estatais desempenham um papel central nas estratégias de desenvolvimento das principais economias do mundo. Além de atuar em setores-chave da economia e de ofertar serviços essenciais à população, essas organizações vêm ampliando seu escopo de atuação, fomentando inovações disruptivas, criando novos mercados e executando políticas públicas voltadas a desafios contemporâneos complexos, com a transformação digital e a mudança climática.
No Brasil não é diferente. Como demostra o recém-lançado Relatório Agregado das Empresas Estatais Federais 2025, da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, as 44 estatais federais contribuíram sobremaneira para desenvolvimento inclusivo e sustentável do Brasil.
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Essas empresas têm papel decisivo na vida dos brasileiros: ampliam a inclusão digital com o gov.br, garantem a universalização dos serviços postais, ofertam crédito em áreas estratégicas como habitação, agricultura e inovação, fortalecem a segurança alimentar e a infraestrutura de transportes, além de impulsionar os setores de energia, comunicações e de defesa, pilares fundamentais da soberania nacional.
O relatório também mostra que, em 2024, as estatais federais responderam por 5,4% do PIB e tiveram um faturamento recorde, de R$ 1,3 trilhão, valor 4,9% maior que no ano anterior. Consolidando uma tendência de expansão, estas empresas investiram R$ 96 bilhões — alta de 44% sobre 2023 e de 87% frente a 2022.
As 44 empresas de controle direto da União registraram um lucro líquido de R$ 116,6 bilhões, o que representou uma queda anual de 41% em função da Petrobras. Excluída a petroleira, no entanto, o resultado geral cresceu 9,4% frente a 2023 e atingiu R$ 79,6 bilhões, o que comprova a saúde financeira das empresas.
Destaca-se, ainda, que no ano passado foram pagos R$ 152,5 bilhões em dividendos e de juros sobre o capital próprio (+19% frente a 2023), sendo R$ 72,1 bilhões para a União e R$ 80,4 bilhões para os demais acionistas. Já o aporte total de recursos do Tesouro Nacional nas empresas somou R$ 28,6 bilhões, sendo a maior parte destinados a hospitais públicos que prestam serviços ao SUS. Assim, sob a ótica do estado como investidor, o retorno financeiro das empresas estatais federais foi de R$ 43,4 bilhões (dividendos menos aportes), o que representou um significativo crescimento anual de 91,5%.
O total de empregados públicos chegou a 441 mil, uma leve expansão em relação ao ano anterior (+1,2%), resultado da recomposição da força de trabalho e da realização de concursos, que fortalecem a capacidade operacional e renovam os quadros.
Paralelamente, as estatais avançaram na agenda de governança, alinhando-se às recomendações da OCDE e à Lei das Estatais (13.303/2016), com foco em transparência, integridade e responsabilidade corporativa — o que inclui capacitação contínua e processos mais rigorosos de seleção de dirigentes e conselheiros, reforçando a profissionalização e a credibilidade da gestão pública empresarial.
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Apesar dos avanços, persistem desafios que exigem atenção contínua. Questões de governança ainda requerem aperfeiçoamento, assim como a construção de capacidades dinâmicas para enfrentar mudanças econômicas e tecnológicas. É premente ampliar a qualidade na prestação de serviços, aprimorar a gestão e elevar a eficiência operacional, integrando plenamente princípios ambientais, sociais e de governança (ESG) e fortalecendo a resiliência diante de crises cada vez mais diversificadas e frequentes.
Nesse sentido, o Relatório contribui para qualificar o debate e orientar decisões ao trazer evidências que desmontam estigmas persistentes. Mais do que guardiãs do patrimônio público, as empresas estatais federais conciliam rentabilidade e retorno social, atuando como alavancas de crescimento, sustentabilidade e inclusão.