Líder do budismo anunciou nesta quarta-feira (2) que a instituição continuará após a sua morte Lifestyle, Budismo, Dalai Lama, Religião CNN Brasil
Dalai Lama, o líder espiritual do budismo tibetano, anunciou que existirá um sucessor após sua morte, dando continuidade a tradição secular. A informação foi revelada nesta quarta-feira (2), data que também antecede o aniversário de 90 anos do religioso, que acontece no domingo (6).
A figura do Dalai Lama é central no budismo tibetano e representa, segundo o site oficial da figura religiosa, o desejo de atingir a iluminação completa. Os Dalai Lamas também teriam jurado renascer no mundo para ajudar todos os seres vivos.
A tradição tibetana afirma que a alma de um monge budista sênior reencarna após sua morte. O 14º Dalai Lama nasceu como Lhamo Dhondup em 6 de julho de 1935, em uma família de agricultores na atual província de Qinghai, no extremo noroeste da China.
Ele foi identificado como a reencarnação quando tinha apenas dois anos por um grupo de busca enviado pelo governo tibetano. A decisão foi tomada com base em vários sinais, como uma visão revelada a um monge sênior, segundo o site do Dalai Lama. Os pesquisadores se convenceram quando o menino identificou os pertences do 13º Dalai Lama com a frase: “É meu, é meu”.
Em fevereiro de 1940, Lhamo Thondup foi oficialmente empossado como líder espiritual dos tibetanos em uma cerimônia no Palácio de Potala, em Lhasa, hoje capital da Região Autônoma do Tibete.
Entenda como seu sucessor será escolhido
O Dalai Lama vive exilado no norte da Índia desde 1959, após fugir de uma revolta fracassada contra o governo comunista de Mao Zedong.
Em seu livro “Voz para os Sem Voz”, lançado em março de 2025, o Dalai Lama disse que seu sucessor nasceria fora da China. Ele escreveu que divulgaria detalhes sobre sua sucessão por volta do seu 90º aniversário.
No início desta semana, ao discursar em um encontro na cidade de Dharamshala, no norte da Índia, ele disse: “Haverá algum tipo de estrutura dentro da qual poderemos falar sobre a continuação da instituição dos Dalai Lamas “.
Antes disso, em um discurso de 2011, o Dalai Lama mencionou como budistas altamente iluminados poderiam “manifestar uma emanação antes da morte”. Alguns especialistas especularam que ele estaria levantando a possibilidade de treinar um sucessor em vida, mas autoridades tibetanas disseram que isso é improvável.
O parlamento do Tibete no exílio, sediado em Dharamshala, assim como o Dalai Lama, disse que um sistema foi estabelecido para o governo exilado continuar seu trabalho enquanto os oficiais do Gaden Phodrang Trust encontram e reconhecem o sucessor do 14º Dalai Lama.
A China diz que seus líderes têm o direito de aprovar o sucessor do Dalai Lama, e que um ritual de seleção, no qual os nomes de possíveis reencarnações são retirados de uma urna de ouro, ocorreu em 1793, durante a dinastia Qing.
Nesta quarta (2), horas após o anúncio do Dalai Lama, o Ministério das Relações Exteriores da China reiterou que a China deve aprovar a reencarnação.
A sucessão do Dalai Lama deve obedecer às leis e regulamentações chinesas, bem como aos rituais religiosos e convenções históricas, disse Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, em uma entrevista coletiva regular.
A China sustenta que a reencarnação do Dalai Lama deve ser decidida seguindo as leis nacionais que decretam o uso da urna de ouro e o nascimento de reencarnações dentro das fronteiras da China.
Em seu livro, ele pediu aos tibetanos que não aceitassem “um candidato escolhido para fins políticos por ninguém, incluindo aqueles da República Popular da China”, referindo-se ao país pelo seu nome oficial.
*Com informações de Krishna N. Das, da Reuters