Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) ouviu os advogados do ex-presidente nesta quarta-feira (3) Política, -agencia-cnn-, Alexandre de Moraes, Flávio Bolsonaro, Jair Bolsonaro, Julgamento Bolsonaro, PGR (Procuradoria-Geral da República), STF (Supremo Tribunal Federal) CNN Brasil
O advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Paulo Bueno, citou o caso Dreyfus em sua fala na etapa de sustentação oral do julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre uma tentativa de golpe de Estado no país, nesta quarta-feira (3).
“Senhores ministros, em hipótese alguma, criaremos neste processo uma versão brasileira e atualizada do emblemático caso Dreyfus. Curiosamente, também capitão de artigania, curiosamente acusado de crime contra a pátria, curiosamente condenado com base num rascunho de documento apócrifo, curiosamente teve seu exercício de defesa constrangível em determinada altura é inegávelmente um dos casos que representa uma cicatriz na história jurídica do ocidente. Senhoras e ministros, a absolvição do presidente Bolsonaro é imperiosa para que não tenhamos a nossa versão do caso Dreyfus. Muito obrigado”, finalizou Bueno.
A fala faz referência ao Alfred Dreyfus, que foi um capitão do exército francês, injustamente condenado à prisão perpétua em 1894 por traição, então anistiado durante a Terceira República Francesa.
Na última terça-feira (2), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho de Bolsonaro, publicou em suas redes sociais uma comparação do ex-presidente ao caso Dreyfus.
“Jair Bolsonaro é o novo Caso Dreyfus, um dos maiores escândalos de erro judiciário no mundo. A História vai colocar os perseguidores em seu devido lugar”, declarou o senador.
Jair Bolsonaro é o novo Caso Dreyfus, um dos maiores escândalos de erro judiciário no mundo.
A História vai colocar os perseguidores em seu devido lugar.
O que foi o Caso Dreyfus?
Em 1894, o capitão (!!!) Alfred Dreyfus, oficial judeu do Exército francês, foi acusado de… pic.twitter.com/hwMU7umubX
— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) September 2, 2025
Julgamento de Bolsonaro
A acusação pediu a condenação de Bolsonaro e destacou seu papel central na tentativa de golpe que culminou nos ataques de 8 de janeiro de 2023.
De acordo com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, os atos começaram a ser articulados em 2021 e que as provas colhidas desde a abertura da ação penal pelo STF reforçam a responsabilidade do ex-presidente.
Entre os elementos citados estão planos apreendidos, diálogos documentados e a destruição de bens públicos. Gonet ressaltou ainda que o próprio Bolsonaro, em interrogatório, teria feito uma “clara confissão de intento antidemocrático” ao admitir que buscou alternativas para contornar decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com as quais não concordava.
Esta é a última chance dos advogados do ex-presidente de apresentarem argumentos pela absolvição ou redução da pena de Bolsonaro antes do julgamento.
Após as sustentações orais de todas as defesas, iniciam-se os votos dos ministros.
Por quais crimes os réus estão sendo acusados?
Bolsonaro e outros réus respondem na Suprema Corte a cinco crimes. São eles:
- Organização criminosa armada;
- Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- Golpe de Estado;
- Dano qualificado pela violência e ameaça grave;
- Deterioração de patrimônio tombado.
A exceção fica por conta de Ramagem. No início de maio, a Câmara dos Deputados aprovou um pedido de suspensão a ação penal contra o parlamentar. Com isso, ele responde somente aos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.