Presidente americano disse este mês que colocaria 100% de tarifas secundárias sobre os países que compram exportações russas, a menos que Moscou concorde com um grande acordo de paz com a Ucrânia em 50 dias Macroeconomia, CNN Brasil Money, Donald Trump, Exportações, Petróleo Russo, tarifas EUA CNN Brasil
É improvável que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cumpra sua ameaça de impor tarifas de 100% aos países que compram petróleo russo, pois isso agravaria as pressões inflacionárias politicamente prejudiciais e sua ameaça semelhante contra os compradores de petróleo venezuelano teve sucesso limitado, especialmente na China.
Trump disse este mês que colocaria 100% de tarifas secundárias sobre os países que compram exportações russas, a menos que Moscou concorde com um grande acordo de paz com a Ucrânia em 50 dias, um prazo que expirará no início de setembro.
A ameaça refletiu um anúncio em março de que os EUA aplicariam tarifas sobre os compradores de petróleo venezuelano sancionado. Nenhuma dessas tarifas foi imposta desde então, embora as exportações de petróleo da Venezuela tenham aumentado.
“Achamos que as tarifas secundárias podem ser um instrumento contundente demais para o governo usar” contra a Rússia, disse Fernando Ferreira, diretor do serviço de risco geopolítico da consultoria Rapidan Energy Group.
“Se você estiver disposto a adotar a opção nuclear, retirando mais de 4,5 milhões de barris por dia do mercado, e estiver disposto a cortar os laços comerciais com outros países porque eles estão importando petróleo russo, você correrá o risco de picos maciços no preço do petróleo e um colapso da economia global.”
Clay Seigle, membro graduado e presidente da cadeira James Schlesinger de energia e geopolítica do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, disse que se a tarifa de 100% for totalmente aplicada aos países que recebem barris russos, ela tem o potencial de cortar o fornecimento global e elevar os preços.
Analistas e operadores estão profundamente céticos quanto à possibilidade de Trump permitir que isso aconteça por dois motivos, disse Seigle. “Primeiro, ele é muito sensível à alta dos preços do petróleo e vai querer evitar esse resultado.”
Em segundo lugar, Trump prefere consumar acordos bilaterais em vez de aderir a fórmulas rígidas que o deixariam de mãos atadas nas negociações.
“Algumas nações parceiras comerciais dos EUA podem, assim como os comerciantes de petróleo, considerar isso uma atitude arrogante”, disse Seigle.
Em 16 de julho, dois dias após emitir a ameaça de tarifa, Trump disse que o preço do petróleo de US$ 64 por barril é um ótimo nível, que seu governo estava tentando baixá-lo um pouco mais e que o baixo nível era “uma das razões pelas quais a inflação está sob controle”.
Desde então, os preços do petróleo têm se mantido nesta faixa, ignorando a ameaça de interrupções iminentes no fornecimento.
Seigle disse que a atual guerra comercial de Trump, especialmente suas tarifas sobre o aço, poderia elevar os preços das commodities para os perfuradores de petróleo nos Estados Unidos, o maior produtor mundial de petróleo bruto.
Isso poderia elevar os preços do petróleo no momento em que as eleições de meio de mandato para o Congresso dos EUA começarem no próximo ano.
Os republicanos de Trump detêm uma maioria muito pequena na Câmara e no Senado dos EUA e o presidente provavelmente evitará ações que aumentem os preços do petróleo durante as campanhas, disseram os analistas.
A porta-voz da Casa Branca, Anna Kelly, disse que Trump provou que cumpre suas promessas.
“Ele tem sido extremamente duro com (o presidente russo Vladimir) Putin e, de forma inteligente, deixou todas as opções na mesa, deixando as sanções existentes em vigor — e recentemente ameaçou Putin com tarifas e sanções severas se ele não concordar com um cessar-fogo.”
O Departamento do Tesouro, que administra as sanções, disse que está pronto para agir.
“Como o presidente Trump anunciou, a Rússia tem 50 dias para concordar com um acordo para acabar com a guerra, ou os EUA estão preparados para implementar sanções secundárias severas”, disse um porta-voz.
Como a economia brasileira deve ser afetada com o tarifaço de Trump?