Todo ano é a mesma coisa: não tem resoluções de Ano Novo que driblem o pagamento de IPVA, IPTU, matrícula e material escolar, e diversas outras taxas. É normal, inclusive, que as vendas de carros novos reduza consideravelmente: 45,5%, de acordo com a Bright Consulting, considerando os primeiros 10 dias úteis do ano na comparação com a última quinzena de dezembro.
Mas este início de ano poderá render bons negócios a quem estiver interessado em começar o ano de carro novo. Especialmente entre os importados.
Alguns fatores pesam para isso. Um deles é a normativa de emissões de poluentes do Proconve, que avançou da fase L7 para a L8 em 1° de janeiro de 2025. Desta forma, os carros fabricados até 31 de dezembro enquadrados nas regras antigas têm uma data limite para serem vendidos: 31 de março de 2025.
De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a venda considerada é o faturamento do carro no estoque do fabricante para as suas concessionárias.
Até lá, todas as marcas de automóveis deverão controlar seus estoques de carros com motor a combustão fabricados ainda em 2024. Muitos muitos modelos (especialmente os lançamentos mais recentes) já eram fabricados em conformidade com o Proconve L8 meses antes da nova lei entrar em vigor. Mas outros, que perderiam potência ou exigiriam novos motores, fizeram a transição nos últimos momentos do ano que terminou.
Estoques das marcas chinesas preocupam
Consultor automotivo, Milad Kalume Neto lembra que o estoque nas fábricas e concessionárias (considerando as marcas que produzem no Brasil) era equivalente a 27 dias de vendas em dezembro de 2024, um número até baixo na comparação com outros meses (eram 29 dias em novembro, por exemplo). Em números, isso representa um montante de 232.700 carros (destes, 86.100 ainda nos pátios das fábricas).
“É preciso considerar, também, que as fábricas estavam de férias coletivas no final do ano, o que também ajudará a controlar os estoques”, lembra Milad.
Quem precisaria se preocupar com os prazos seriam as marcas chinesas. Dos 175.000 carros chineses que entraram no Brasil em 2024, apenas 120.354 foram emplacados. Quer dizer que ainda há 55.000 deles (ou 31%) em estoque e uma parcela deles é de carros híbridos que precisam ser vendidos até março. Os elétricos não têm data para serem vendidos.
Em outubro, os estoques de carros chineses esteve no seu pico, ao redor dos 70.000 carros.
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Claro, os concessionários podem absorver uma parte desse estoque, mas há um limite: redes de concessionárias costumam controlam ao máximo o capital mobilizado com estoques.
Um dos caminhos será as ações de vendas: promoções, descontos pontuais, incentivos como IPVA, carregadores ou recargas gratuitos.
Não é muito diferente do que a BYD, que tem os maiores estoques, vem fazendo desde outubro. De outubro a dezembro, as versões de entrada do sedã King e do SUV Song Pro foram vendidas com descontos de R$ 25.000 e R$ 20.000 sobre o preço de lançamento: R$ 149.800 e R$ 169.800. Ambos são anunciados com preço R$ 10.000 mais alto agora, mas ainda é possível negociar nas lojas.
A BYD Shark é vendida com R$ 15.000 de desconto (R$ 364.800) ou com R$ 40.000 de valorização extra no usado dado na troca.
Na GWM, os incentivos para a venda dos Haval H6 ainda são valorização no usado, IPVA grátis, um ano de seguro grátis ou taxa 0%, mas sem desconto efetivo no preço de tabela dos carros – o que vem sendo uma prática comum da empresa, que não é de dar muitos descontos.
Na Chery, algumas concessionárias ainda têm unidades 2023/2024 do Tiggo 8 Pro plug-in à venda com preço até R$ 25.000 abaixo da tabela: R$ 239.990 ante os R$ 264.990.
O segredo, a partir de agora, é procurar boas oportunidades. As marcas querem vender, os concessionários não querem ficar com os estoques parados e os consumidores querem pagar o melhor preço. E ninguém quer ver os carros que não forem vendidos sendo desmantelados.
