Caso aconteçam pedidos de prorrogação das exportações, prejuízo será de mais de US$ 10 por saca, avalia setor Agro, Agronegócio, Café, China, CNN Brasil Money, Donald Trump, Estados Unidos, estilo-cnn-money, tarifaço de Trump CNN Brasil
Os Estados Unidos foram os maiores compradores de café brasileiro nos primeiros sete meses de 2025, correspondendo a 16,8% dos embarques totais do setor. É o que mostram dados do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) divulgados nesta terça-feira (12).
Segundo informações da entidade, o país exportou 3,7 milhões de sacas de 60 kg aos EUA de janeiro e julho. A quantidade representa, porém, um declínio de quase 18% no comparativo anual.
Segundo Márcio Ferreira, presidente do Cecafé, o impacto das tarifas de 50% impostas ao setor pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ainda não foram sentidos nas exportações do produto.
“A partir de agosto, as indústrias americanas estão em compasso de espera, pois possuem estoque por 30 a 60 dias, o que gera algum fôlego para aguardarem um pouco mais as negociações em andamento”, diz Ferreira.
“O que já visualizamos são eventuais pedidos de prorrogação, que são extremamente prejudiciais ao setor”, avalia o executivo.
Levando em conta os contratos futuros negociados na Bolsa de Nova York, caso haja uma prorrogação das exportações para os próximos meses do ano, haveria uma perda de US$ 10 por saca, sem contar juros e os custos adicionais com carrego, armazenagem e logística.
Dados mensais
O relatório ainda mostra que o país exportou 2,7 milhões de sacas em julho, queda de 27,6% na comparação anual. A receita cambial bateu recorde, por sua vez, para o mês (US$ 1,033 bilhão ou R$ 5,6 bilhões), aumento de 10,4% em relação a 2024.
No acumulado de janeiro a julho, a exportação de café do Brasil atingiu 22,15 milhões de sacas, recuo de 21,4% na comparação com o mesmo período do ano passado (28,18 milhões). A receita cambial, por sua vez, cresceu 36%, alcançando o recorde para o período de US$ 8,55 bilhões (R$ 46 bilhões).
Conforme explica Márcio Ferreira, uma redução nos embarques já era aguardada este ano. “Vimos exportações recordes em 2024, estamos com estoques reduzidos e uma safra sem excedentes, com o potencial produtivo total impactado pelo clima. No que se refere à receita cambial, ainda surfamos a onda dos elevados preços no mercado internacional, que reflete o apertado equilíbrio entre oferta e demanda ou mesmo um leve déficit na disponibilidade.”
Fechando a lista dos cinco principais destinos dos cafés do Brasil, entre janeiro e o fim de julho deste ano, aparecem Alemanha, com a importação de 2,6 milhões de sacas (-34,1% em relação aos sete primeiros meses de 2024); Itália, com 1,7 milhão (-21,9%); Japão, com 1,4 milhão de sacas (+11,5%); e Bélgica, com 1,3 milhão de sacas (-49,4%).
China como alternativa?
A Cecafé continua batalhando, a braços dados com o governo e outros agentes do setor, para reverter a tarifa de 50% ao produto brasileiro.
“Nossa história é muito maior do que o momento que estamos vivendo e, com pragmatismo e diplomacia, devemos negociar em favor dos dois lados”, avalia Ferreira.
No começo de agosto, a Embaixada da China no Brasil anunciou que 183 novas empresas brasileiras de café possuem permissão para exportar ao mercado chinês.
Sobre a sugestão de que o mercado chinês poderia ocupar o espaço antes americano, o presidente do Cecafé esclareceu que muitos desses exportadores já atuavam no mercado chinês e que isso não necessariamente implica aumento dos embarques cafeeiros ao país asiático.
Ainda assim, ressalta que a entidade observa “atentamente o potencial de crescimento do consumo chinês”, mercado que importou 571.866 sacas de janeiro a julho e ocupa a 11ª posição no ranking dos principais parceiros dos cafés do Brasil.
“Esse credenciamento por cinco anos, como divulgado nas mídias, é positivo do ponto de vista de desburocratização, mas, por si só, não representa nenhum aumento de exportações à China, o que esperamos siga ocorrendo de forma natural, a ser alcançado ao longo dos próximos anos e décadas, dado o aumento de interesse por parte do consumidor, como experimentamos em outros países da Ásia”, finaliza.
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