Presidente argentino atribuiu problema à gestão Kirchner e disse que irá “defender os interesses nacionais” Macroeconomia, Argentina, CNN Brasil Money, Javier Milei, Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF) CNN Brasil
Um tribunal dos Estados Unidos ordenou na segunda-feira (30) que a Argentina desista de sua participação de 51% na empresa de petróleo e gás YPF (a Petrobras argentina) para satisfazer parcialmente uma sentença judicial de US$ 16,1 bilhões, impondo uma derrota ao país com dificuldades financeiras.
A juíza norte-american Loretta Preska, de Manhattan, disse que a Argentina deve transferir suas ações da YPF em 14 dias para o BNY Mellon e instruí-lo a transferir as ações em um dia útil para os demandantes.
O presidente da Argentina, Javier Milei, criticou e atribuiu a condenação à gestão da ex-presidente Cristina Kirchner. O libertário prometeu apelar, publicando no X que era para “defender os interesses nacionais”.
UN FALLO CONTRA KICILLOF
Nos acabamos de enterar que la jueza Preska falló contra el Estado argentino en el caso de la expropiación de YPF.
Independientemente de la cuestión de fondo, haber llegado a esta situación del país, es responsabilidad directa del inútil soviético de…
— Javier Milei (@JMilei) June 30, 2025
Impacto para Argentina
Em entrevista à Rádio CNN Argentina, o economista Alejandro Kowalzuk analisou o impacto econômico e financeiro da decisão judicial contra a Argentina, bem como o estado geral da economia local.
“A decisão é uma espécie de ‘cisne negro’ para o governo. Isso não será gratuito para nós, porque é um processo de US$ 16 bilhões e, com essa participação de 51%, vocês não conseguirão cobrir o valor total”, disse Kowalzuk.
Ele explicou que, independentemente da estratégia do poder executivo nacional em relação à decisão — seja para cumprí-la ou recorrer —, a Argentina se encontra em uma posição “perdedora”.
“Ou você tem que cumprir esta decisão ou recorrer, e em ambos os casos, você está em uma posição perdedora”, enfatizou.
O economista também alertou que o impacto dessa resolução não se limitou apenas às ações da YPF: “Ela afetou todas as outras ações”.
Em outra parte da entrevista, Kowalzuk elogiou os dados oficiais recentes sobre a atividade econômica: “O crescimento econômico está muito bom. Com essa recuperação de 1,9%, estamos quase no mesmo nível do índice de fevereiro, após a queda em março.”
Por fim, ele antecipou que a economia poderá se recuperar mesmo em um contexto de consumo lento: “A economia provavelmente crescerá com o consumo agregado deprimido”.
“Para a inflação de junho, nossas projeções estão em torno de 1,8% ou 2%”, concluiu.
Entenda o caso
O caso surgiu a partir da apreensão, em 2012, pela Argentina da participação de 51% da YPF detida pela espanhola Repsol, sem licitação para aquisição de ações detidas pelos investidores minoritários Petersen Energia Inversora e Eton Park Capital Management.
A Argentina está recorrendo da decisão de Preska, de setembro de 2023, de conceder US$ 14,39 bilhões a Petersen e US$ 1,71 bilhão ao Eton Park.
A decisão de Preska é um golpe para Milei, cujo governo precisa urgentemente aumentar as reservas em moeda estrangeira para pagar suas dívidas enquanto combate a inflação.
Em abril, o país obteve um programa de empréstimo de US$ 20 bilhões do FMI (Fundo Monetário Internacional).
A Argentina argumentou que as ações da YPF eram imunes à rotatividade sob a Lei Federal de Imunidades Soberanas Estrangeiras.
Em sua decisão de 33 páginas, Preska disse que o controle da Argentina sobre a YPF acionou a exceção, e as ações poderiam ser transferidas mesmo estando localizadas fora dos Estados Unidos.
Ela também rejeitou a sugestão da Argentina de que a cortesia, ou o respeito que os países demonstram uns aos outros ao limitar o alcance de suas leis, pesava contra seu envolvimento.
A Argentina tentou anteriormente limitar os danos totais a cerca de US$ 4,9 bilhões. O Departamento de Justiça dos EUA apoiou a Argentina na oposição a uma reviravolta.
*Com informações de Reuters e Rádio CNN Argentina
Traduzido por João Nakamura, da CNN, em São Paulo