Em duas ocasiões, aviões tiveram que tomar “medidas evasivas” para evitar colidir com helicópteros
Este conteúdo foi originalmente publicado em EUA: Pilotos relataram “quase acidentes” em aeroporto anos antes de colisão no site CNN Brasil. Internacional, Acidente Aéreo, Avião, Estados Unidos, Helicóptero, Washington D.C. CNN Brasil
Nos últimos três anos, ao menos dois pilotos relataram situações com helicópteros que poderiam ter causado acidentes no Aeroporto Nacional Reagan, onde a colisão entre um helicóptero e um avião de passageiros deixou 67 mortos, segundo uma revisão da CNN de relatórios de incidentes.
Em duas ocasiões, aviões de passageiros tiveram que tomar “medidas evasivas” para evitar colidir com helicópteros ao tentar pousar no aeroporto, de acordo com relatórios de pilotos.
Em um terceiro incidente, dois helicópteros militares ficaram muito próximos, relatou um controlador de tráfego aéreo.
Além disso, um dia antes da colisão desta quarta, outro voo se aproximando do Aeroporto Reagan foi forçado a abortar sua primeira tentativa de pouso e dar a volta depois que um helicóptero voou perto de sua rota, de acordo com o áudio do controle de tráfego aéreo.
Esses casos certamente ganharão mais atenção após a tragédia deste ano, que matou 64 pessoas que estavam bordo do avião e três militares do Exército em um voo de treinamento no helicóptero.
Enquanto uma operação de busca e recuperação continua dentro e ao redor do Potomac, as autoridades estão tentando descobrir exatamente o que deu errado no ar acima da capital do país.
Espaço complexo e falta de funcionários
No momento da colisão, um controlador de tráfego aéreo no Aeroporto Nacional Reagan estava supervisionando helicópteros e aviões, disse uma fonte à CNN.
Embora os trabalhos sejam normalmente realizados por duas pessoas, a fonte destacou que ter uma pessoa cuidando de ambos não é incomum.
Isso corresponde a um problema destacado em um dos relatórios de “quase acidentes” anteriores de 2022, no qual um controlador alertou que não havia equipe suficiente na torre do aeroporto.
Especialistas em aviação afirmam que a região de Washington é um espaço aéreo excepcionalmente complexo para se pilotar.
Restrições de voo decretadas após o 11 de setembro bloqueiam o tráfego aéreo de passar perto de prédios governamentais. Além disso, helicópteros militares e governamentais atravessam regularmente a área, e voos estão constantemente decolando e pousando do Reagan, que tem a pista mais movimentada do país.
“Quase acidentes” no Aeroporto Nacional Reagan
As situações que quase causaram acidentes anteriormente entre aviões e helicópteros no Aeroporto Nacional Reagan (DCA) foram detalhados no banco de dados do Sistema de Relatórios de Segurança da Aviação da Nasa, que registra incidentes relatados por funcionários da aviação.
Os relatórios são registrados anonimamente e não identificam companhias aéreas ou voos específicos.
Em abril de 2024, um piloto de avião de passageiros escreveu que, ao descer para o DCA, a tripulação recebeu um alerta de tráfego e um alerta do sistema de prevenção de colisões mostrando um helicóptero “cerca de 90 metros abaixo de nós”.
A tripulação “tomou uma ação evasiva”, de acordo com o relatório, e então conseguiu pousar normalmente após passar acima do helicóptero.
“Não recebemos um aviso do tráfego do [controle de tráfego aéreo], então não sabíamos que ele estava lá”, escreveu o piloto, sugerindo que deveria haver “melhor separação para o tráfego DCA no visual do rio para o tráfego de helicópteros que está voando para cima e para baixo no rio”.
Em outro incidente em outubro de 2022, um piloto de um avião de passageiros relatou que o sistema de prevenção de colisões da aeronave alertou a tripulação sobre “tráfego” próximo e os orientou a “SUBIR AGORA”. A aeronave abortou o pouso, circulou e pousou com sucesso na segunda tentativa.
“Após a revisão do caminho de aproximação e outras informações, estimamos que chegamos a 90 metros mais ou menos do que acabou sendo um helicóptero decolando do hospital”, escreveu o piloto.
Em ambos os incidentes, os pilotos relataram que estavam pousando na pista 19, que não era a pista em que o voo da American Airlines deveria pousar na quarta-feira à noite.
Ambos os aviões foram listados como operando sob a “parte 121”, um certificado regulatório que geralmente cobre grandes companhias aéreas com sede nos EUA e transportadoras aéreas regionais.
E em ambos os casos, os pilotos relataram que não viram o helicóptero que possivelmente chegaram a algumas dezenas de metro de terem atingido.
Um terceiro incidente no banco de dados, relatado por um controlador de tráfego aéreo trabalhando no DCA, descreveu um “conflito aéreo” entre dois helicópteros militares perto do aeroporto em setembro de 2022, embora os detalhes exatos não sejam claros.
Os dois helicópteros ficaram muito próximos um do outro em um momento em que “não há pessoal [funcionários o] suficiente para preencher todas as posições na cabine da torre”, escreveu o controlador — referindo-se à cabine da torre de controle aéreo.
Avião abortou pouso na terça-feira (28)
Mais recentemente, o voo 4514 da Republic Airways abortou um pouso na terça-feira à noite ao se aproximar da pista 19 após o controle de tráfego aéreo alertá-lo sobre um helicóptero próximo, de acordo com o áudio do site especializado LiveATC.net.
O bimotor Embraer ERJ 175 começou uma curva ascendente à direita para longe do aeroporto e, mais tarde, pousou com sucesso, mostram dados do FlightAware, um site de rastreamento de voos.
O avião, que estava voando de Connecticut, atingiu uma altitude de cerca de 490 metros durante sua primeira descida, enquanto o helicóptero estava a cerca de 90 metros, de acordo com os dados de áudio e rastreamento de voo – sendo assim, a aeronave não chegou tão perto quanto os “quase acidentes” anteriores.
O Washington Post relatou o incidente de terça-feira pela primeira vez.
Ex-administrador diz não estar “familiarizado” com os casos
Randy Babbitt, ex-administrador da Administração Federal de Aviação, afirmou que não estava “familiarizado” com os incidentes citados.
Ainda assim, observou que os helicópteros geralmente respondem a situações de emergência, o que pode, em alguns casos, tornar a chegada ao local de um acidente uma prioridade em relação às regulamentações do espaço aéreo.
Como os helicópteros voam em baixa altitude na região, eles raramente criam problemas para os aviões, argumentou.
Não está claro se alguma política do aeroporto foi alterada ou se os controladores de tráfego aéreo tomaram alguma ação em resposta aos casos que poderiam ter resultado em acidentes.
Como o banco de dados da Nasa cobre apenas incidentes relatados por agentes da aviação, ele não cobre necessariamente todos os “quase acidentes” e inclui relatórios brutos que não foram necessariamente confirmados por uma investigação.
Além dos casos envolvendo helicópteros, o aeroporto já registrou diversas situações perigosas entre aviões durante pousos ou decolagens nos últimos anos.
Este conteúdo foi originalmente publicado em EUA: Pilotos relataram “quase acidentes” em aeroporto anos antes de colisão no site CNN Brasil.
