Políticas “América First” do presidente dos EUA, Donald Trump, e a guerra na Ucrânia levaram o continente a aumentar suas capacidades independentes em diversas áreas Internacional, Espaço, Europa, Foguete, Nasa CNN Brasil
Dois pequenos portos espaciais no extremo norte da Suécia e da Noruega estão correndo para lançar os primeiros satélites da Europa continental ao espaço, enquanto a região busca reduzir sua dependência de empresas dos Estados Unidos.
As políticas “América First” do presidente dos EUA, Donald Trump, e a guerra na Ucrânia levaram o continente a aumentar suas capacidades independentes em diversas áreas, incluindo defesa e operações espaciais. Mas há desafios a superar.
Em 2024, os EUA realizaram 154 lançamentos de hardware em órbita, enquanto a Europa conseguiu apenas três.
Dos US$ 143 bilhões em investimentos públicos globais em empreendimentos espaciais no ano passado, a Europa foi responsável por apenas 10%, mostra um estudo da UE.
O único local de lançamento orbital da Europa fica na Guiana Francesa, América do Sul. O novo foguete Ariane 6 foi lançado com sucesso de lá no início deste ano.
A aeronave não é reutilizável, tem um custo maior por lançamento e é insuficiente para atender às necessidades comerciais e militares da Europa nos próximos anos.
Portos espaciais nórdicos
É aí que entram os promissores portos espaciais nórdicos. Situado 200 quilômetros acima do círculo polar ártico, perto de onde as fronteiras da Suécia, Finlândia, Noruega e Rússia convergem, o Centro Espacial de Esrange é incomum na Europa por oferecer 5.200 quilômetros quadrados (2.008 milhas quadradas) de terra desabitada.
Cercada por pântanos e rios, Esrange fica perto de Kiruna, lar de uma das maiores minas subterrâneas de minério de ferro do mundo, proporcionando fácil acesso a ferrovias e um aeroporto.
A grande área, compartilhada apenas pelo espaçoporto e pelos rebanhos de renas da etnia indígena Sami da Suécia, torna-a adequada para a recuperação de peças de foguetes.
Também apresenta pouca poluição luminosa e é fácil de fechar para o tráfego aéreo.
Os preparativos para lançamentos orbitais estão bem encaminhados, com um novo conjunto de plataformas de lançamento maiores, hangares e instalações de pesquisa sendo preparados. O Porto Espacial de Andoya, uma base insular no norte da Noruega, é de propriedade majoritária do estado norueguês, com a empresa de defesa Kongsberg detendo uma participação de 10%.
Em março, a Andoya realizou o primeiro lançamento de teste de um pequeno foguete fabricado pela startup alemã ISAR Aerospace, capaz de transportar uma carga útil de cerca de 1.000 kg (2.205 libras).
O foguete voou por 30 segundos antes de cair no mar, o que foi considerado um sucesso.
Andoya, visitado por uma delegação da Otan este mês, possui licença para 30 lançamentos por ano. Esrange não estabeleceu uma meta fixa, mas também atenderá a uma necessidade importante da Otan em fornecer capacidade de lançamento rápido.
Juntos, esses portos espaciais nórdicos representam a melhor chance da Europa de obter acesso independente ao espaço.