Ex-Chiquitita Aretha Oliveira sobre falta de negros na TV: “Era naturalizado” 

A atriz e apresentadora interpretou Pata na novela infantil e marcou uma geração de meninas negras que sentiam falta de representatividade na TV
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Além de ser uma das protagonistas da primeira versão de “Chiquititas” (1997), Aretha Oliveira, 39, também marcou a infância de milhares de meninas negras que se viam representadas na televisão e que desejavam estar naquele lugar. A atriz e apresentadora diz em entrevista à CNN que nunca se enxergou como ícone de representatividade, mas entende a importância disso.

“Fico absolutamente grata por ter contribuído de alguma forma, mesmo que naquele momento eu não tivesse essa consciência”, afirma. “Naquela época eu era criança e, para além de ser, isso não era uma discussão, algo falado. Não existiam pessoas negras na TV e isso era muito naturalizado. Essa confiança veio com os anos, na era digital, quando as pessoas conseguiram se aproximar mais de mim e me falar mais sobre isso… quando essas mulheres começaram a crescer também junto comigo e entender a importância que a Pata teve na vida delas para que elas pudessem se enxergar de alguma forma”, declara.

Mais de 20 anos depois da estreia de “Chiquititas”, hoje Aretha pode presenciar um momento único: as três novelas inéditas da TV Globo — “Garota do Momento”, “Volta Por Cima” e “Mania de Você” — são protagonizadas por mulheres negras, como ela. A artista comemora este marco da diversidade.

“Isso me dá uma felicidade tremenda entender que, mesmo que seja aos poucos, as coisas estão mudando e estão mudando para melhor! Cada vez mais representatividade, cada vez mais diversidade, para que todo mundo possa se ver, possa se enxergar e se sentir representada realmente. Que a TV demonstre a cara real do Brasil”, torce.

Pata foi a única personagem que esteve desde o primeiro capítulo ao último de “Chiquititas”, em 2001, e, por este motivo, Aretha nunca pode se assistir na televisão. O SBT agora vai disponibilizar em sua nova plataforma de streaming a primeira versão da novela infantil e a atriz poderá finalmente se ver.

“É praticamente a primeira vez que conseguirei acompanhar a novela. Na primeira versão, quando ela foi ao ar, a gente morava em Buenos Aires [Argentina], então não conseguia assistir… eu vi só o finalzinho. Quando houve uma reprise há bastante tempo, acho que era em um horário que eu estava na faculdade, então também não conseguia acompanhar. Agora sim vai dar certo e eu estou feliz, claro.”

Ela confessa que sente muita falta da rotina das gravações e fica impressionada que, mesmo depois de tantos anos, os “chiquifãs” ainda são muito fiéis com mensagens de carinho, amor e afeto por cada personagem da trama. A atriz ressalta que muitas pessoas a reconhecem nas ruas e tenta retribuir esta atenção especial que recebe.

“É muito gostoso, ainda me impressionam quantas pessoas me reconhecem na rua e muitas vezes se emocionam… é uma memória afetiva, que desperta algo bonito em cada um. Sem falar nas redes sociais que aproximam muito. Tento retribuir ao máximo esse carinho. Claro que muitas vezes não dá para falar com todo mundo. Eu adoro a felicidade das pessoas que estão felizes com a reprise da novela”, declara.

Sobre quais curiosidades que os fãs mais querem saber, Aretha enumera que as pessoas querem entender o motivo da novela ter sido gravada na Argentina ou sobre “por que as atrizes não cantavam as músicas”. Já as dúvidas atuais vão mais para o lado de “quem ainda é amigo de quem”.

“São desde dúvidas mais loucas que eu não tenho a menor ideia da resposta até essas mais fáceis. Tem gente que pergunta sobre alguma situação específica de algum personagem ou de alguma cena que obviamente eu não lembro! [risos] Isso me impressiona muito porque eu falo ‘meu Deus do céu, como a pessoa ainda lembra disso?’”, se diverte.

Aretha está grávida de sua primeira filha, que ainda não tem um nome definido, fruto de seu casamento com Sebas Goldberg, 42, e está muito ansiosa pela chegada da menina. Questionada pela reportagem se apoiaria a filha para também seguir uma carreira artística, ela assume que ainda não tinha pensado nesta possibilidade.

“Mas eu acredito que eu apoiaria a minha filha em qualquer decisão profissional que ela quisesse. Estarei preparada para guiá-la da melhor maneira possível para que se realize e para que seja feliz fazendo o que ela ama, se for dentro da arte que assim seja”, finaliza.

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