Para conter ânimos, ex-BC avalia que autarquia busca evitar que mercado precifique cortes muito rápidos ou profundos no médio prazo Macroeconomia, -transcricao-de-video-money-, Banco Central (BC), Cenário fiscal, Inflação, Juros CNN Brasil
Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central (BC) e colunista do CNN Money, analisou a recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic para 15% ao ano.
Segundo ele, há uma divisão no comitê entre uma ala preocupada com a inércia das expectativas de inflação e outra que teme os efeitos dos altos juros reais na economia.
Volpon destacou que as expectativas de inflação não têm caído como o Banco Central gostaria, possivelmente devido a questões fiscais.
“Acho que existe um debate bastante intenso sobre isso, por que isso está acontecendo, e tem uma ala que acredita que o Banco Central, independentemente de talvez essa imersa das expectativas, por muito mais em função da questão fiscal e não propriamente monetária, que o Banco Central tem que responder a isso de qualquer maneira”, explicou.
Manutenção de juros altos por período prolongado
O economista comentou sobre a sinalização do BC de manter os juros elevados por um período prolongado. Ele explicou que essa linguagem visa evitar que o mercado precifique cortes muito rápidos ou profundos no médio prazo, o que poderia aliviar as condições monetárias contracionistas desejadas pelo BC.
“Se o Banco Central está preocupado em manter uma postura contracionista, o Banco Central tem que tentar diminuir o ânimo para a precificação de corte de juros e essa linguagem é diretamente endereçada a essa questão”, afirmou Volpon.
Cenário fiscal e impactos na política monetária
Volpon também abordou os riscos relacionados à política fiscal, especialmente com as mudanças propostas na tributação do Imposto de Renda. Ele alertou que essas alterações podem impactar a dinâmica da inflação, que já está acima da meta.
“Ninguém sabe muito bem como essa política de corte de impostos via mudanças da tributação do Imposto de Renda que eles estão tentando aprovar no Congresso e que entraria em vigor no ano que vem. Ninguém sabe muito bem como isso vai impactar a economia”, pontuou o economista.
Por fim, Volpon comparou a situação brasileira com a dos Estados Unidos, onde também se observa uma política monetária apertada e fiscal expansionista. Ele ressaltou que esse cenário dificulta a desaceleração da inflação para a meta, criando desafios adicionais para a condução da política monetária.
Juros altos são uma das principais causas de inadimplência no Brasil