A Fiat precisou de poucos meses para atualizar a frente de quase todos os seus carros. Toro, Argo e agora até o Cronos 2026 tem o novo visual inspirado no mais recente lançamento da marca na Europa, o Fiat Grande Panda, hatchback que será produzido no Brasil em 2026 e substituirá, de uma só vez, o Argo e o Mobi.
A maior parte das mudanças já foi vista no Argo. Estamos falando das luzes diurnas de led pontilhadas, posicionadas acima dos faróis, também de led. Para combinar, os faróis de neblina (led) ganharam uma forma mais quadrada, como se fossem pixels. Mas as novidades não acabam por aí.
Diferentemente do Argo, a Fiat alterou totalmente a grade do Cronos, que ficou maior, mais retilínea e integrada aos faróis. Há também um novo desenho interno, composto por pequenos traços verticais em preto brilhante e cromado, que formam um efeito 3D. A última novidade na dianteira é o novo para-choque, com uma grade mais retangular e a troca das aletas horizontais por verticais.

A versão Precision, topo de linha usada no teste, que parte de R$ 119.990, tem ainda novas rodas diamantadas aro 16, de seis raios, que possui também uma versão totalmente preta, que também está disponível para a versão intermediária Drive AT, fazendo parte do pacote S-Design, que custa R$ 4.090, e inclui saias laterais e spoiler traseiro e lista de equipamentos tão completa quanto a da Precision.
Sem mudanças na traseira, o resto das novidades surge no interior. Ainda na versão Precision, o Cronos tem novos bancos em material sintético que imita couro na cor preta, iguais aos do Pulse. E, em relação aos itens de segurança, o Cronos Precision é o único com airbags laterais (quatro no total). As outras duas versões trazem apenas os dois frontais obrigatórios.
A lista de salvaguardas se completa com piloto automático convencional, acendimento automático de faróis, câmera de ré, sensor de estacionamento traseiro, chave presencial e retrovisores externos elétricos (com rebatimento e função tilt down) e interno fotocrômico. Não há outros sistemas auxiliares ADAS e nem mesmo freio de estacionamento eletrônico.

O quadro de instrumentos tem apenas uma pequena tela de TFT de 3” no centro e dois mostradores analógicos para o conta-giros e velocímetro. A central multimídia é pequena, com 7”, e está desatualizada até mesmo para a linha Fiat. O Pulse, por exemplo, pode vir com telas de 8,4” ou 10”. O equipamento também apresentou problemas de desconexão frequentes com o Android Auto sem fio, além de fazer as músicas “engasgarem”, como um CD riscado, ao utilizar o Spotify.
Mas há conexão sem fio também com aparelhos Apple, o que recomendaria o carregador de celular por indução de série. Este item existe, porém é vendido como um acessório e custa R$ 1.210. Há duas portas USB, uma na dianteira e outra no console central, entre os bancos da frente, mas ambas são do tipo A, mais antigo e de carregamento mais lento se comparadas às do tipo C.
Seu único kit opcional são os bancos na cor marrom, que custa R$ 1.350. O visual mais esportivo do pacote S-Design não está disponível na versão Precision.

A adição de um motor turbo era muito aguardada no Cronos, mas não veio. Seria a forma de colocá-lo em pé de igualdade com seus principais rivais (Hyundai HB20S, Volkswagen Virtus e Chevrolet Onix Plus). Mas a Fiat optou por manter o motor 1.3 Firefly aspirado, que foi adaptado às normas do PL8 e está entregando 98 cv e 13,2 kgfm com gasolina. No etanol, ele rende até 107 cv e 13,7 kgfm. O câmbio também é o mesmo CVT que simula sete marchas.
Esse conjunto está presente nas versões mais caras. Na configuração Drive MT, temos o motor 1.0 Firefly de 75 cv e 10,7 kgfm, com câmbio manual de cinco marchas.

As adequações do motor 1.3 deixaram o Cronos mais rápido e um pouco menos econômico, ao contrário do que era esperado. Em nossa pista, ele demorou 12,8 s para ir de 0 a 100 km/h, quase 1 s mais rápido do que em seu último teste, realizado em dezembro de 2022. E, no que diz respeito ao consumo, manteve a média de 13 km/l, na cidade, enquanto passou de 17,1 km/l para 15,9 km/l, na estrada.

O Cronos é um carro que cumpre seu papel. Ele é confortável, tendo um conjunto de suspensão macio e que filtra bem as imperfeições do asfalto. Mas falta vigor nas acelerações, e ativar o modo Sport não ajuda muito no desempenho e ainda deixa o motor mais barulhento.

O ruído invade a cabine já nos 2.000 rpm e torna-se cada vez mais alto conforme as rotações aumentam. Será comum ouvi-lo, seja na estrada ou em subidas mais íngrimes na cidade, já que o torque máximo só vem a 4.000 rpm. A 120 km/h, medimos 71 dBA. Falando em conforto, a falta de ajuste do volante em profundidade – existe apenas em altura – acaba ofuscando a adição dos novos bancos, que são bem confortáveis e vêm acompanhados de descansos de braço acolchoados para o motorista.

Apesar de fazer menos sucesso do que na Argentina, o Cronos vende bem no Brasil (em maio, foram 2.677 unidades), embora sempre atrás dos principais rivais e é fácil entender as razões para isso. Onix Plus e o HB20S, por exemplo, podem ser equipados com motores aspirados e turbo, enquanto o Virtus vem apenas com o motor 1.0 TSI. Além disso, todos os três oferecem mais equipamentos que o Cronos, seja com telas maiores e mais tecnológicas, seja com mais recursos de assistência à direção.

Nem mesmo no segmento de vendas diretas o sedã da Fiat consegue recuperar terreno, o que seria mais lógico, visto seu preço vantajoso (na versão Drive, o Cronos custa R$ 107.990, enquanto o HB20S Comfort, o mais barato entre os rivais, sai por R$ 104.290).

Resta saber se a reestilização será o suficiente para mantê-lo relevante nos próximos anos. Até o momento, a Fiat anunciou planos de substituir apenas o Argo em 2026 e, mais futuramente, a Strada. Ambos da mesma família do Cronos. Para o sedã ainda não há nada concreto, deixando seu futuro em aberto. Ser fabricado na Argentina, deve lhe garantir uma sobrevida maior.
Veredicto Quatro Rodas
Apesar de cumprir seu papel como um bom carro urbano e trazer uma identidade mais moderna, continua defasado se comparado aos rivais.
Ficha Técnica – Fiat Cronos Precision 1.3 CVT
Motor: 1.3 flex, diant., transv., 4 cilindros em linha; 107/98 cv a 6.250 rpm, 13,7/13,2 kgfm a 4.000 rpm
Câmbio: CVT, 7 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant. e tras.)
Pneus: liga leve, 195/55 R16
Dimensões: compr., 437 cm; larg., 172,6 cm; alt., 152 cm; entre-eixos, 252 cm; tanque, 45 litros; porta-malas, 525 litros; peso, 1.119 kg
Teste Quatro Rodas
| Aceleração | |
| 0 a 100 km/h | 12,84 s |
| 0 a 1.000 m | 34,62 s / 147,81 km/h |
| Velocidade máxima | 175 km/h* |
| Retomadas | |
| D 40 a 80 km/h | 5,2 s |
| D 60 a 100 km/h | 7 s |
| D 80 a 120 km/h | 9,3 s |
| Frenagens | |
| 60/80/120 km/h a 0 | 14,5/26,1/60,3 m |
| Consumo | |
| Urbano | 13 km/l |
| Rodoviário | 15,9 km/l |
| Ruído interno | |
| Neutro/RPM máx. | 43,8/73,5 dBA |
| 80/120 km/h | 63,7/71 dBA |
| Aferição | |
| Velocidade real a 100 km/h | 97 km/h |
| Rotação do motor a 100 km/h | 2.000 rpm |
| Volante | 2,7 voltas |
| SEU Bolso | |
| Preço | R$119.990 |
| Garantia | 3 anos |
Condições de teste: alt. 660 m; temp., 18,5 °C; umid. relat., 43%; press., 765,5 mmHg. Realizado no ZF Campo de Provas

