Cuidadores estão o ensinando habilidades que sua mãe mostraria como encontrar insetos e construir um ninho Tecnologia, Animal, Mamíferos CNN Brasil
Luvas, um casaco de pele e uma máscara de urso. Essa combinação pode parecer moda vanguardista, mas é, na verdade, o uniforme dos cuidadores da San Diego Humane Society (Sociedade Protetora dos Animais de San Diego) que estão criando um filhote órfão de urso-negro.
Campistas encontraram o animal em abril, na Los Padres National Forest, na Califórnia. Biólogos do Departamento de Pesca e Vida Selvagem do estado procuraram pela mãe do filhote durante vários dias. Sem nenhum sinal dela, a sociedade protetora acolheu o mamífero.
O filhote, que tinha quase dois meses de idade quando foi resgatado, é o urso-negro mais jovem que a organização já cuidou, segundo Autumn Welch, gerente de operações de vida selvagem da sociedade e uma das cuidadoras do urso.
“Nessa idade, ele estaria com a mãe o tempo todo, sem se afastar da toca”, disse Welch. “Ele definitivamente não conseguiria sobreviver sozinho, então provavelmente ficará em reabilitação por cerca de um ano.”
O objetivo é devolvê-lo à natureza. Por isso, os trajes de urso usados pelos cuidadores ajudam a evitar que o filhote se apegue aos humanos.
Mas será que as fantasias realmente convencem o filhote de que está sendo cuidado por outros ursos?
Segundo Welch, sim. Ela contou que os cuidadores fizeram um teste recentemente: entraram no recinto sem a fantasia, para verificar se o filhote os reconhecia como humanos.
“Ele se assustou e subiu correndo numa árvore”, disse Welch. “É isso que a gente quer.”
Os cuidadores usam casacos de pele reais, doados à sociedade protetora. Para deixar os trajes ainda mais convincentes, as peles são armazenadas em recipientes fechados com feno vindo de um santuário local que também abriga ursos. Segundo Welch, o feno ajuda a dar às peles o cheiro de urso-negro.
“Agora, não sabemos se ele nos vê como mães substitutas”, disse ela. “Mas eu sinto que ele nos vê mais como irmãos de brincadeira — quando ele quer brincar com a gente, redirecionamos ele pros ursinhos de pelúcia.”
Além dos bonecos, o recinto do filhote também está cheio de peles doadas, feno com cheiro de urso-negro, árvores e muitos esconderijos e locais para escalar, simulando uma toca, segundo Welch.
O filhote dorme sobre e se esconde debaixo de um da das maiores pelúcias, que Welch acredita que ele vê como sua mãe.
“Esse ursão foi algo que deu conforto a ele”, disse Welch. “Quando não estávamos por perto, ele buscava abrigo com ela, encostava, dormia todo aconchegado no urso.”
Os cuidadores aproveitam o tempo dentro do recinto para ensinar ao filhote habilidades que sua mãe o ensinaria, como escalar, encontrar grama e insetos para comer e construir um ninho, segundo Welch.
“Tem sido maravilhoso ver ele atingir vários marcos”, disse ela. “Lembro da primeira vez que ele comeu um inseto — cavou na terra, achou um besouro e comeu. Foi ótimo.”
A equipe da San Diego Humane Society não é a primeira a usar fantasias para cuidar de animais órfãos. Funcionários do Richmond Wildlife Center, na Virgínia, usaram máscara de raposa ao cuidar de um filhote órfão. No Wildlife Midlands Centre, na África do Sul, um funcionário usou uma fantasia improvisada de grou para ensinar um filhote a beber água.
Welch contou que o uso de máscaras é uma estratégia já utilizada pela equipe ao alimentar filhotes de guaxinins e coiotes com mamadeira. Ela disse que isso é importante porque os animais jovens são muito suscetíveis ao apego.
Como nunca haviam cuidado de um urso tão jovem, precisaram encomendar diversos materiais, incluindo as máscaras de urso. Welch estima que o custo para cuidar do filhote durante um ano será de 72 mil dólares (cerca de R$ 403 mil).
“É um trabalho feito com amor”, disse ela. “Estamos felizes por ajudar esses animais e, um dia, vê-lo prosperando na natureza — vai ser a melhor coisa do mundo.”
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