Produção estrelada por Fernanda Montenegro é baseada em caso real e tem Andrucha Waddington na direção; filme estreia nesta quinta-feira (13) nos cinemas
Este conteúdo foi originalmente publicado em Filme “Vitória” demorou quase 20 anos para sair do papel, diz diretor no site CNN Brasil. Entretenimento, #CNNPop, Cinema, Fernanda Montenegro CNN Brasil
Baseado em um caso real, o filme “Vitória”, estrelado pela atriz Fernanda Montenegro, 95, estreia nesta quinta-feira (13) nos cinemas. Por se tratar de um assunto delicado, o longa-metragem demorou quase duas décadas para sair do papel.
Em material obtido pela CNN, o diretor Andrucha Waddington, genro de Montenegro e responsável por assumir a obra, deu detalhes de como foi o cuidado com a construção do filme, tal como o contato com a protagonista real da história (que possuía identidade protegida pelo programa de proteção à testemunha), e como espera que seja o impacto causado pela produção.
Fernanda Montenegro interpreta a protagonista Dona Nina, que vive em uma favela cercada de violência. Certo dia, ela decide documentar os crimes por conta própria, a partir de filmagens registradas em fitas VHS, feitas da janela de sua casa na zona sul do Rio.
Na vida real, os crimes foram registrados por Joana da Paz, mulher que foi a responsável por desmascarar uma grande quadrilha de traficantes e policiais corruptos. O caso foi acompanhado pelo jornalista Fabio Gusmão, que revelou todos os detalhes em uma matéria publicada em 2005. Quando a reportagem foi ao ar, a mulher foi rebatizada de “Vitória” e acabou sendo obrigada a viver “escondida” até sua morte, em 2023.
“Uma semana após a matéria do Fábio Gusmão sair no Jornal Extra, encontrei com ele e disse que queria fazer um filme inspirado na vida de Dona Vitória, mas tinha medo de expô-la. Achava que seria bom esperar uns 20 anos, pois sabia que ela havia entrado para o programa de proteção”, contou o Andrucha.
“Passada uma década, Fábio já havia escrito o livro sobre a história de Dona Vitória e Breno Silveira me ligou demonstrando enorme desejo de realizar o filme, eu achei ótimo e passei todo o material para ele desenvolver o projeto”, continuou.
Breno Silveira, no entanto, faleceu logo no início das filmagens, em maio de 2022, momento em que o marido de Fernanda Torres assumiu a direção.
Construção de “Vitória”
Segundo o cineasta, o filme é sobre um enfrentamento solitário. “Tentamos ser absolutamente realistas na direção de arte e fotografia, assim como na maquiagem e figurino, retratando uma Copacabana crua e, de certa forma, claustrofóbica”, explicou.
O longa-metragem também buscou ser “cru” e “neorrealista”, onde a dura realidade se impõe em todos os aspectos da vida da personagem.
Ele e a equipe buscaram ter o cuidado de que o filme não caísse no “melodrama de uma senhora frágil e amedrontada”. “Dona Nina é uma mulher resiliente que, por exemplo, chega na delegacia e fala de igual para igual com o major ou com quem for preciso”, ressaltou ele.
“Minha busca foi construir essa personagem enfatizando sua humanidade com seus sonhos e fragilidades. Ela é uma personagem extraordinária, uma mulher fiel aos seus
princípios e disposta a ultrapassar os limites de sua vida cotidiana para lutar pelo que acredita ser certo. Ela é testemunha de uma realidade em que a violência se impõe no seu dia a dia. Sente-se profundamente perturbada pela omissão da polícia e também pela inação dos que vivem no seu prédio.”
O trabalho com Joana da Paz
A relação entre o filme e a verdadeira personagem, Dona Joana, sempre levou em consideração seu receio de ser reconhecida, explicou Andrucha. Ele chegou a ter conversas com Joana da Paz, mas trabalhou para garantir a segurança da mulher.
“Todas as decisões criativas buscaram distanciar sua identidade da personagem Nina, garantindo sua segurança. Por esse motivo, todo o material registrado durante as conversas de pesquisa foi filmado contra uma parede, já que Joana temia até mesmo que o ambiente ao seu redor pudesse revelar sua identidade e localização.”
Joana da Paz faleceu dia 22 de fevereiro de 2023, meses após a conclusão das filmagens.
“Eu acho que o público pode esperar um filme muito emocionante. ‘Vitória’ fala sobre uma situação social brasileira presente em praticamente toda grande cidade do país, através de uma heroína improvável e sua relação com um repórter incansáve, que lhe estende as mãos e faz de tudo para a proteger até as últimas consequências, criando uma linda história de amor fraterno entre os dois”, conclui o diretor.
Assista ao trailer de “Vitória”:
Este conteúdo foi originalmente publicado em Filme “Vitória” demorou quase 20 anos para sair do papel, diz diretor no site CNN Brasil.
