Atacante do Arsenal refletiu, em entrevista à Placar, sobre as cobranças que recebeu nas Copas de 2018 e 2022 e afirmou que hoje encara a carreira de forma mais madura Seleção Brasileira, CNN Esportes, Futebol brasileiro, Gabriel Jesus CNN Brasil
Gabriel Jesus aprendeu a transformar as cicatrizes em combustível. Aos 28 anos, ainda em recuperação da lesão mais grave de sua trajetória, o atacante do Arsenal revisitou o passado recente em entrevista exclusiva à Placar, reconhecendo erros, analisando cobranças e mostrando confiança no futuro, inclusive em um possível retorno à seleção brasileira sob comando de Carlo Ancelotti.
O jogador não foge das críticas. Em suas duas participações em Copas do Mundo, em 2018 e 2022, terminou sem balançar as redes, algo que virou munição para torcedores e comentaristas.
“As cobranças foram justas”, admitiu. “Camisa 9 tem que fazer gol. Eu não fiz, e entendo que as críticas existam. O que não acho certo é quando a cobrança se torna algo mais pesado.”
Gabriel, que chegou a correr “uns 14 quilômetros” em uma partida na Rússia, reconheceu que a entrega tática o afastou da área e, por consequência, das oportunidades. “Sempre vou ser aplicado e ajudar o time, mas hoje, mais experiente, arriscaria mais um chute, ficaria mais na área. Se tivesse feito um gol, muita coisa teria sido diferente”, afirmou.
O atacante explicou que parte desse comportamento vinha tanto de uma orientação coletiva quanto de um traço pessoal. “Ajudar é algo que vem de mim, mas havia um gatilho no modo como o time jogava, com o ‘perde-pressiona’. Também existia a ansiedade de fazer o gol logo”, contou.
Mesmo sem o gol em Copas, o jogador não se considera frustrado. Ele lembra que, em 2022, nem era titular e acabou se lesionando antes do fim do torneio. “Em 2018, a frustração maior foi por não termos vencido. Aquele time era muito bom, mas as lesões mudaram nossa forma de jogar. A Copa é o campeonato mais difícil que existe, e isso não muda o jogador que sou”, disse.
Gabriel Jesus também destacou o peso de conquistas que, segundo ele, acabam subestimadas pelo público brasileiro, como o ouro olímpico no Rio-2016 e a Copa América de 2019.
“A Olimpíada foi um marco. Talvez o torcedor valorize menos por não ser a Copa, mas são títulos importantes. A Argentina, por exemplo, ganhou confiança para o Mundial depois de vencer a Copa América”, comparou.
Com quatro títulos da Premier League, uma carreira sólida na Europa e passagens marcantes pelo Palmeiras e pela Seleção, o atacante afirma que aprendeu a lidar com o julgamento externo.
“O futebol virou muito baseado em estatística. Muita gente valoriza mais quem empurra a bola para o gol do que quem constrói a jogada. Se minha carreira acabasse hoje, eu seria muito grato. A Copa de 2018 ficou marcada, mas não apaga o que conquistei. Tenho apenas 28 anos e sigo animado para o que vem pela frente”, concluiu.
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