Levantamento mostra principais tipos de golpes e novas estratégias usadas para enganar as vítimas Tecnologia, Crimes cibernéticos, crimes digitais, Fraudes, Golpe Digital, Golpes, Internet CNN Brasil
Os golpes digitais têm ficado cada vez mais sofisticados e personalizados, segundo levantamento feito pelo Observatório Lupa.
A pesquisa aponta que, mesmo que as tentativas de golpe ocorram em diferentes plataformas, a maior parte deles possui características comuns: 93% prometem algum tipo de benefício financeiro imediato, como descontos ou brindes; e 77% utilizam o nome de marcas ou de pessoas públicas para promover uma imagem confiável (a porcentagem cresce para 90% nos golpes analisados entre janeiro e maio de 2025).
O relatório “A Jornada dos Golpes” analisou 142 conteúdos relacionados a fraudes, golpes ou armadilhas digitais no Brasil, datados entre 2020 e 2025.
“Os golpes deixaram de ter aquela aparência amadora, com erros de português e design malfeito”, explicou Vinicius Albino, especialista em tecnologia e sistemas com inteligência artificial.
De acordo com ele, essa sofisticação presentes nos golpes na internet se manifesta de três principais maneiras:
- Personalização: os golpes são personalizados para que o assunto tenha alguma relação com a vítima, geralmente relacionado à fonte do vazamento de dados;
- Qualidade: o aperfeiçoamento de elementos técnicos também é usado para fazer com que o contato pareça vir de uma fonte confiável. E-mails podem ter cabeçalho e rodapé simulando uma suposta empresa, sites fraudulentos também podem copiar a identidade visual de portais oficiais, e os contatos por telefone podem até simular as músicas de espera de empresas verdadeiras.
- Engenharia social: há uma busca ativa por informações pessoais do alvo do golpe, que permitem oferecer uma proposta que seja mais atrativa para convencer a vítima.
Isso quer dizer que nossa atenção precisa estar redobrada. Se antes era possível identificar possíveis golpes digitais através de erros de digitação ou propostas absurdas, hoje em dia os golpistas estão se esforçando para criar um ambiente online que pareça legítimo, para que as vítimas se sintam seguras em ceder as próprias informações pessoais.
“Jornadas fraudulentas”
Os casos analisados pelo Observatório Lupa apontam a existência de “jornadas fraudulentas”. Em vez de uma única ação, os golpistas iniciam a fraude através de um anúncio ou mensagem nas redes sociais – que tende a oferecer promessas falsas de retorno financeiro, descontos na compra de produtos ou até simular a divulgação de programas sociais do governo.
Quando o usuário se depara com essa mensagem, ele clica no link e acaba sendo direcionado para websites fraudulentos, que simulam a aparência dos sites de lojas ou do governo para simular credibilidade e convencer a vítima a ceder seus dados pessoais. Essa interação ainda pode se estender para um contato pessoal, por e-mail ou telefone, como maneira de reforçar ainda mais uma suposta credibilidade e confiança.
“Geralmente os golpistas têm mais sucesso com pessoas que possuem menos experiência no uso da tecnologia. O recomendado com nossos amigos e familiares é que nos dediquemos a ensinar eles as boas maneiras para o uso dessas plataformas”, acrescentou Albino. “Algumas dessas recomendações são feitas há muitos anos, como, por exemplo, não falar com estranhos. Isso já é um excelente início para evitar cair em golpes.”
“Além de outros passos, como não clicar em links de sites desconhecidos e buscar a informação de promoções diretamente no site oficial das empresas”, falou ele. Outra dica importante é estar atento à URL dos sites visitados, que podem até ter a aparência de um site oficial, mas possuem um endereço suspeito.
Albino ainda acrescentou: “Nunca abra e-mails que já foram classificados como Lixo Eletrônico (SPAM). Isso diminui a probabilidade de você cair em algum golpe porque os provedores de e-mail já possuem sistemas avançados de detecção de e-mails fraudulentos.”
“Eu costumo falar com meus amigos e familiares que, se temos que tomar uma decisão ou ação muito rápida sem tempo para pensar, já acende um alerta. Se eu não tenho tempo para fazer uma rápida pesquisa, ou para ligar para alguém para perguntar se a informação que eu recebi é real, isso pra mim já é um forte indício de que há algo muito suspeito”, indicou o especialista.