By using this site, you agree to the Privacy Policy and Terms of Use.
Aceitar
Portal Nação®Portal Nação®Portal Nação®
Notification Mostrar mais
Font ResizerAa
  • Início
Lendo: Governança algorítmica no Sul Global: o marco peruano como ponto de inflexão
Compartilhe
Font ResizerAa
Portal Nação®Portal Nação®
  • Notícias
  • Esporte
  • TV Nação
  • Entretenimento
  • Ciência
  • Tecnologia
  • Acesso
Search
  • Início
Siga nas redes
Portal Nação® > Noticias > outros > Governança algorítmica no Sul Global: o marco peruano como ponto de inflexão
outros

Governança algorítmica no Sul Global: o marco peruano como ponto de inflexão

Última atualização: 15 de outubro de 2025 04:16
Published 15 de outubro de 2025
Compartilhe
Compartilhe

A inteligência artificial tornou-se o novo campo de disputa geopolítica por influência regulatória. De um lado, a União Europeia consolida o chamado “efeito Bruxelas”, exportando um modelo de governança baseado em direitos fundamentais, obrigações ex ante e vigilância institucional. De outro, os Estados Unidos impulsionam um modelo mais liberal e descentralizado, onde a inovação precede a regulação, em uma lógica que muitos passaram a identificar como “efeito Washington” ou, em sua forma mais extrema, “efeito Trump”.

Contents
Conheça o JOTA PRO Poder, plataforma de monitoramento que oferece transparência e previsibilidade para empresasAssine gratuitamente a newsletter Últimas Notícias do JOTA e receba as principais notícias jurídicas e políticas do dia no seu emailInscreva-se no canal do JOTA no Telegram e acompanhe as principais notícias, artigos e análises!

Conheça o JOTA PRO Poder, plataforma de monitoramento que oferece transparência e previsibilidade para empresas

No meio dessa disputa global por hegemonia normativa, o Peru surpreende ao se tornar o primeiro país latino-americano a adotar um marco regulatório nacional para a inteligência artificial. Com a publicação do Decreto Supremo nº 115-2025-PCM, que regulamenta a Lei nº 31814, o país opta por uma abordagem estruturada, baseada em riscos e com forte orientação à proteção de direitos, sinalizando sua adesão, ainda que com sotaque andino, ao modelo europeu.

A nova norma, publicada em 9 de setembro de 2025, consolida os fundamentos institucionais e operacionais para que a IA seja desenvolvida e aplicada de forma segura, ética, inclusiva e orientada ao bem-estar coletivo, com foco no desenvolvimento econômico e social. Ao contrário de abordagens fragmentadas ou meramente principiológicas, o regulamento peruano institui um sistema claro de governança, classificação de riscos, obrigações específicas e mecanismos de transparência e prestação de contas. Trata-se, portanto, de uma transição concreta da teoria para a prática, com potencial para influenciar o debate regulatório regional.

Inspirado no modelo do AI Act europeu, o texto regulamentar estabelece princípios orientadores como não discriminação, proteção de direitos fundamentais, privacidade, sustentabilidade, transparência, supervisão humana, segurança e proporcionalidade, prestação de contas e desenvolvimento ético responsável. Esses valores perpassam todo o ciclo de vida dos sistemas de IA, desde sua concepção, treinamento e validação até sua aplicação, reavaliação e descarte.

Do ponto de vista regulatório, a norma classifica os sistemas de IA em categorias: risco indevido (proibido), alto risco (com obrigações específicas) e risco aceitável (regulado por obrigações gerais). A categoria de risco indevido abrange usos como manipulação subliminar, vigilância massiva sem base legal, classificação discriminatória baseada em dados biométricos, identificação biométrica em tempo real em espaços públicos e predição criminal baseada em profiling de personalidade. Já os sistemas de alto risco incluem aplicações em setores sensíveis como infraestrutura crítica, educação, recursos humanos, programas sociais, crédito, saúde, inferência emocional e qualquer uso que represente elevado risco à vida humana ou direitos fundamentais.

Em casos de alto risco, impõe-se um conjunto detalhado de obrigações aos implementadores, como a manutenção de registros atualizados sobre o funcionamento do sistema, fontes de dados e lógica algorítmica, implementação obrigatória de supervisão humana qualificada em decisões que impactem setores críticos, realização de avaliação de impacto, adoção de medidas proativas para mitigar impactos detectados e conservação da documentação técnica por período mínimo de três anos para garantir rastreabilidade do sistema.

Um dos aspectos mais relevantes da norma é o fortalecimento da arquitetura de governança digital. A Secretaria de Governo e Transformação Digital (SGTD), vinculada à Presidência do Conselho de Ministros, atua como autoridade técnico-normativa central, responsável por coordenar ações com outras entidades públicas, academia, setor privado e sociedade civil. Embora não concentre poderes sancionatórios em matéria de proteção de dados – competência que continua a cargo da Autoridade Nacional de Proteção de Dados Pessoais – a SGTD detém o mandato regulatório para emitir guias, protocolos, padrões técnicos e para implementar ambientes regulatórios experimentais (os chamados sandboxes), nos moldes das melhores práticas internacionais.

Assine gratuitamente a newsletter Últimas Notícias do JOTA e receba as principais notícias jurídicas e políticas do dia no seu email

Além do foco regulatório, o Peru incorpora à sua estratégia uma dimensão educacional e social. O regulamento prevê ações coordenadas com o Ministério da Educação para incluir conteúdos sobre ciência de dados, ética digital e uso responsável da IA nos currículos da educação básica. Também estabelece obrigações claras para o desenvolvimento de talentos, promoção da equidade de gênero, redução da exclusão digital e estímulo à colaboração entre universidades, centros de pesquisa e governos locais. Campanhas de sensibilização, criação de laboratórios de IA, programas de mentoria, redes de especialistas e desenvolvimento de sistemas baseados em IA de código aberto são instrumentos previstos para garantir não apenas inovação, mas também acesso público e desenvolvimento econômico e social sustentável.

Outro ponto de destaque é a imposição de obrigações em matéria de privacidade e transparência algorítmica. O regulamento exige que os cidadãos sejam informados, de forma clara e acessível, sempre que interagirem com sistemas baseados em IA, inclusive sobre sua finalidade e mecanismos para contestação de decisões automatizadas. Em paralelo, os implementadores devem garantir o cumprimento da Lei Peruana de Proteção de Dados (Lei 29733), adotando medidas proporcionais de segurança da informação, governança de dados e minimização de riscos.

Com a publicação da norma, o Peru marca um novo capítulo na trajetória regulatória da América Latina, ao consolidar um marco legal que avança em relação às diretrizes estratégicas e projetos legislativos ainda em discussão em países como Brasil, México, Argentina e Chile. Mas esse movimento também reabre uma pergunta essencial: qual é o modelo regulatório mais adequado para países em desenvolvimento, com estruturas institucionais frágeis e alta dependência tecnológica externa?

Ao adotar uma estrutura regulatória inspirada no EU AI Act, o Peru tenta uma operação complexa: transplantar um modelo concebido para economias desenvolvidas, com ecossistemas tecnológicos maduros e capacidade regulatória robusta, para um contexto latino-americano marcado por assimetrias e recursos limitados.

A decisão peruana chama ainda mais atenção por ocorrer em um momento em que potências do Norte Global iniciam um movimento contrário. Pressões contra o EU AI Act têm se intensificado dentro e fora da Europa, enquanto países como Estados Unidos e Coreia do Sul falam abertamente em desregulação como estratégia de competitividade.

Ao mirar padrões elevados de transparência, supervisão e responsabilização, o Peru adota uma abordagem que pode ser difícil de implementar na prática. A dúvida que paira é se países do Sul Global têm condições reais de sustentar esse nível de exigência, ou se estão apenas replicando modelos alheios, sem considerar seus próprios contextos institucionais e econômicos.

Inscreva-se no canal do JOTA no Telegram e acompanhe as principais notícias, artigos e análises!

Mais do que um modelo a ser seguido, o marco peruano pode ser visto como um laboratório regulatório: um teste real sobre os custos, benefícios e viabilidade de regular IA de forma robusta em países em desenvolvimento. Seus resultados, positivos ou não, terão muito a dizer sobre os caminhos possíveis para uma governança algorítmica justa e eficaz no Brasil e no restante do Sul Global.

You Might Also Like

Michelle Bolsonaro é alvo de representação criminal

Escola municipal ao lado de delegacia fica sem aulas após ser arrombada pela sexta vez no ano em Salvador

Fortaleza x Vasco: horário e onde assistir ao jogo do Brasileirão 

Duas regiões do DF terão fornecimento de energia suspenso nesta quarta

Israel diz que um dos corpos entregues pelo Hamas não é de nenhum refém 

Compartilhe esse artigo
Facebook Twitter Email Print
Deixe um comentário

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Siga o Portal Nação

Nas redes Sociais
FacebookLike
TwitterSiga nas redes
YoutubeSubscribe
TelegramSiga nas redes

Newsletter semanal

Assine nossa newsletter para receber nossos artigos mais recentes instantaneamente!

Notícias populares
outros

Após mais de 50 créditos, Leandro Hassum revela o que o atrai em um projeto 

19 de julho de 2025
BNews SP: Mais de 3,8 milhões de veículos devem circular nas rodovias durante Ano Novo
Corinthians negocia empréstimo de Diego Palacios 
Especialista: Se Brasil retaliar tarifas de Trump, sairá no prejuízo 
Após fim de jejum de 17 anos, Tottenham pode coroar retorno com Supercopa 
- Publicidade -
Ad imageAd image
  • Avisos legais
  • Política de privacidade
  • Gerenciamento de Cookies
  • Termos e condições
  • Parceiros

Todas as últimas notícias do Portal Nação direto na sua caixa de entrada

Aqui no Portal Nação, acreditamos em criar os melhores produtos para a indústria que cruzam o melhor design de software, experiência do usuário e funcionalidade.

Nosso site armazena cookies no seu computador. Eles nos permitem lembrar de você e ajudam a personalizar sua experiência em nosso site.
Leia nossa política de privacidade para maiores infromações.

Copyright © 2023-2024 Portal Nação | Todos os Direitos Reservados

Orgulhosamente ❤️ por HubCloud © 2024. Todos os Direitos Reservados
Welcome Back!

Sign in to your account

Lost your password?