Primeira tentativa de negociação do governo foi ignorada por Donald Trump; equipe econômica considera que cenário mudou com tarifa de 50% Macroeconomia, carta, CNN Brasil Money, EUA, Tarifas, tarifas de Trump CNN Brasil
A equipe econômica avalia que os Estados Unidos irão adotar uma postura diferente em relação à segunda carta enviada pelo governo brasileiro às autoridades norte-americanas. A primeira tentativa de negociação, em 16 de maio, foi ignorada pelo presidente Donald Trump.
Na avaliação de interlocutores a par das discussões, o cenário atual é diferente, uma vez que o Brasil entrou nos holofotes globais por causa da tarifa de 50%. Quando a primeira carta foi enviada às autoridades norte-americanas, a taxa de importação sobre os produtos brasileiros era de 10%. Por essa razão, o parecer do Brasil é de que a chance de resposta à segunda tentativa é maior.
Na época em que a primeira carta foi enviada, o debate estava concentrado no embate tarifário entre a China e os Estados Unidos. Em abril, a Casa Branca divulgou um documento informando que os produtos chineses estavam sendo taxados em 245%.
No documento enviado aos EUA na última terça-feira (15), o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) e o Ministério das Relações Exteriores manifestaram “indignação” com a tarifa de 50% e reiteraram o interesse em receber comentários dos EUA sobre a proposta brasileira. O documento foi endereçado ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao representante comercial dos EUA, embaixador Jamieson Greer.
O governo brasileiro tem encontrado dificuldades para estabelecer um canal de negociação com as autoridades norte-americanas. A carta enviada na última terça-feira (15) é uma forma de pressionar o andamento da negociação.
O governo brasileiro realizou ao menos 10 reuniões com autoridades norte-americanas entre a data de anúncio da tarifa de 10% e o comunicado da taxa de 50%. Em maio, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com o secretário de Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, para tratar do assunto.
Apesar das autoridades brasileiras estarem conseguindo dialogar com os EUA, as decisões estão concentradas em Donald Trump. Segundo relatos feitos à CNN, a própria Embaixada dos EUA no Brasil não havia sido comunicada oficialmente sobre a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros.
O governo brasileiro está disposto a negociar exaustivamente com os EUA todos os temas de natureza comercial e econômica. No comunicado oficial da tarifa de 50%, Trump cita “caça às bruxas” ao se referir ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de coordenar uma tentativa de golpe de estado.
A tarifa de 50% entra em vigor em 1° de agosto. O governo vai esperar o andamento das negociações para eventualmente solicitar uma extensão do prazo.
Na segunda carta enviada pelo Brasil aos EUA, as autoridades brasileiras afirmam que estão “prontas” para dialogar e negociar uma solução mutualmente aceitável sobre aspectos comerciais da agenda bilateral. No documento, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alega que a tarifa vai trazer impactos negativos para a economia americana.
O governo brasileiro deu continuidade nesta quarta-feira (16) aos encontros do comitê interministerial criado para definir a resposta brasileira à tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre a importação de produtos brasileiros. O MDIC já ouviu representantes da indústria, dos serviços e do agronegócio sobre o tema.
Como a economia brasileira deve ser afetada com o tarifaço de Trump?