Companhias alertaram para cancelamento de voos e atrasos; sindicatos pedem melhores condições de trabalho Internacional, Aviação, Avião, França CNN Brasil
Os controladores de tráfego aéreo da França iniciaram uma greve de dois dias nesta quinta-feira (3) para protestar contra a falta de funcionários e equipamentos obsoletos, o que levou a centenas de cancelamentos de voos no início da temporada de verão europeu.
A agência de aviação civil da França, DGAC, disse às companhias aéreas para revisarem seus horários, inclusive no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris — um dos centros de conexões mais movimentados da Europa –, forçando as companhias aéreas a cancelarem voos.
A Air France, a maior companhia aérea da França, afirmou que havia adaptado sua programação de voos, sem fornecer detalhes, mas que estava mantendo sua previsão completa de voos de longa distância.
A British Airways, de propriedade do IAG, estava usando aeronaves maiores para mitigar os transtornos.
A Ryanair, por sua vez, destacou que foi forçada a cancelar 170 voos, afetando mais de 30 mil passageiros nesta quinta e sexta-feira (4).
“Mais uma vez, as famílias europeias são mantidas reféns pelos controladores de tráfego aéreo franceses em greve”, comentou o presidente-executivo da Ryanair, Michael O’Leary.
“Isso não faz sentido e é extremamente injusto para os passageiros e famílias da UE que estão saindo de férias”, adicionou.
A Easyjet disse que cancelaria 274 voos nesta quinta e sexta-feira.
A greve coincidiu com o início das férias de verão na Europa, um dos períodos de viagem mais movimentados do ano.
Sindicatos da França pedem melhores condições de trabalho
O segundo maior sindicato de controladores de tráfego aéreo da França, o UNSA-ICNA, explicou que a greve acontece por causa da falta de funcionários, equipamentos ultrapassados e uma cultura de gestão tóxica.
Outro sindicato, o USAC-CGT, ressaltou que a DGAC não conseguiu compreender a frustração sentida pelos controladores.
“A DGAC não está conseguindo modernizar as ferramentas essenciais para os controladores de tráfego aéreo, apesar de continuar prometendo que todos os recursos necessários estão sendo disponibilizados”, argumentou a UNSA-ICNA em um comunicado.
“Os sistemas estão nas últimas, e a agência (de controle de tráfego aéreo) está constantemente pedindo mais de seu pessoal para compensar suas dificuldades”, acrescentou.
A DGAC não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre as alegações dos sindicatos.
Por sua vez, o ministro dos Transportes da França, Philippe Tabarot, considerou inaceitáveis as exigências dos sindicatos.
A DGAC solicitou às companhias aéreas que cortem um em cada quatro voos que deveriam chegar e sair dos aeroportos de Paris e quase metade dos voos que saíssem da capital nesta sexta-feira.
Em outros lugares, as companhias aéreas foram solicitadas a reduzir os voos em 30% a 50%, sendo que o sul do país foi mais atingido.
“Apesar dessas medidas preventivas, são esperados distúrbios e atrasos significativos em todos os aeroportos franceses”, destacou a agência, pedindo aos passageiros que mudem seus voos, se possível.
O’Leary, da Ryanair, pediu à Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia, que reforme os serviços de controle de tráfego aéreo do bloco para garantir uma equipe adequada nos períodos de pico e para proteger os sobrevoos — aqueles que passam por um país ou região sem aterrissar lá — durante greves nacionais.