Alvo de investigação por suposta sonegação de R$ 18 milhões, o empresário Victor de Albuquerque Cavalcante, 28 anos, proprietário da rede Império das Maquiagens (IDM), leva uma vida de ostentação. Há quatro anos, ele adquiriu uma mansão de R$ 3,5 milhões em Vicente Pires e costuma exibir nas redes sociais para os seus 159 mil seguidores carros de luxo, viagens e outras demonstrações de riqueza.
Veja a mansão:
Na última terça-feira (21/10), a Polícia Civil e a Receita do Distrito Federal deflagraram uma operação contra as lojas IDM para apurar suspeitas de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e organização criminosa.
Em setembro deste ano, a rede de cosméticos que conta com 20 lojas no DF e Entorno foi alvo de outra operação, por comercialização de produtos falsificados.
Entre 2019 e abril de 2025, o grupo Império das Maquiagens registrou um faturamento superior a R$ 250 milhões. No mesmo período, contudo, o conglomerado acumulou dívidas ativas de R$ 17,9 milhões no Distrito Federal e R$ 3,7 milhões referentes ao Simples Nacional.
Apesar desse cenário de inadimplência fiscal, foram identificadas aquisições de imóveis e veículos realizadas pelas empresas e pelos sócios do grupo enquanto as obrigações tributárias não eram quitadas.
As investigações tiveram início após denúncias de que Victor e sua esposa, Rubia Lays Medeiros da Silva, 30 anos, exibiam um padrão de vida de luxo considerado incompatível com a trajetória recente de cerca de sete anos como empresários.
Ao mesmo tempo, o casal expandiu rapidamente a rede de lojas, inaugurando unidades de grande porte em Brasília e no Entorno. As denúncias também citam vínculos com outros empresários que teriam apresentado crescimento financeiro fora do comum.
Victor afirma ter iniciado suas atividades como empresário em 2016, comprando e vendendo batons. Pouco tempo depois, teria se utilizado das redes sociais para fazer o marketing dos batons, chegando então à posição que está hoje
Apesar dessa fala, uma das empresas Império das Maquiagens iniciou as atividades em 2014, em nome de seu
irmão.
Nas redes sociais, Victor e Rubia Lays ostentam uma vida luxuosa. Eles moram em uma mansão e possuem vários carros de luxo, como Porsche, Cadillac e BMW. Apesar da coleção dos carros que aparece dirigindo, o empresário não possui CNH.
Segundo relatório da Receita Federal, essa ascensão patrimonial se deu num curto período de tempo.
Mansão e carros de luxo
A mansão está localizada no Setor Habitacional Vicente Pires e pertence a Victor e Rubia Lays. De acordo com a escritura obtida pela reportagem, o casal comprou o imóvel por R$ 3,58 milhões, em 2021. Todavia, o documento referente a cessão de direitos possessórios só foi emitido em 2024.
O imóvel luxuoso possui uma área de 682 m², com área construída constatada pelo Fisco de 295, 78 m².
Em dezembro de 2023, Victor chegou a fazer postagens em seu perfil nas redes sociais em que mostra a mansão. “Os planos de Deus são maiores que os meus. Nosso novo lar”, publicou.
O casal também apresenta uma série de carros de luxo nas redes sociais. Contudo, tais veículos estão registrados em nome de terceiros. Um dos mais caros deles, um Chevrolet Corvette, avaliado em mais de R$ 1 milhão, está em nome de um dos sócios de Victor na IDM e licenciado em Balneário Camboriú (SC).
Durante a operação da PCDF, ao menos quatro veículos que estavam na casa de Victor foram apreendidos, sendo eles o Corvette, uma Porsche Cayenne, o Cadillac Escalade e a BMW M340i. A maioria adquiridos por mais de R$ 1 milhão.
Viagens internacionais com destino para Estados Unidos, Chile e Grécia também aparece entre as postagens do casal. Ainda, em suas publicações, Victor diz ter uma lancha, mas não há nenhuma embarcação em seu nome.
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Operação Makeup
Policiais civis da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Ordem Tributária (DOT/Decor), em conjunto com a Receita do Distrito Federal, deflagraram a Operação Makeup, para cumprir 11 mandados de busca e apreensão contra a Império das Maquiagens.
As ordens judiciais são cumpridas em distribuidoras, escritórios de contabilidade e residências dos investigados, nas cidades de Vicente Pires, Ceilândia, Águas Claras, Sudoeste, Taguatinga e Park Way.
A Justiça também determinou o bloqueio de bens e valores de empresários, contadores e laranjas até o limite da dívida tributária, que ultrapassa R$ 18 milhões.
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Quatro veículos de luxo foram apreendidos
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Somados atingem o valor de R$ 4,4 milhões, segundo avaliações do mercado
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Em endereços dos mandados de busca e apreensão, contadores de dinheiro também foram encontrados
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A PCDF disse que não irá informar o nome dos investigados
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A coluna, porém, apurou que o principal alvo da ação é a Império da Maquiagem (IDM)
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As ordens judiciais são cumpridas em distribuidoras, escritórios de contabilidade e residências dos investigados
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Em regiões como Vicente Pires, Ceilândia, Águas Claras, Sudoeste, Taguatinga e Park Way.
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A Justiça também determinou o bloqueio de bens e valores de empresários, contadores e “laranjas” até o limite da dívida tributária, que ultrapassa R$ 18 milhões
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A investigação, iniciada há seis meses, apurou a existência de organização criminosa atuante no setor de cosméticos no DF e no Rio de Janeiro desde 2019. Empresários e contadores estariam envolvidos em esquema de sonegação de ICMS por meio da criação de empresas fictícias.
A apuração também identificou que os investigados usavam os lucros ilícitos para adquirir veículos de luxo, imóveis em nome de terceiros e abrir novas filiais da IDM, ampliando o esquema.
O grupo abria empresas em série, vendia produtos como maquiagens e perfumes sem recolher o imposto devido e, ao acumular dívidas, transferia as firmas para laranjas e declarava falsamente a mudança de sede para espaços de coworking. Em seguida, abriam novos CNPJs e reiniciavam as atividades com o mesmo modelo fraudulento.
O Metrópoles entrou em contato com o empresário, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto para atualização.

