Quando um carro chega ao mercado, o normal é que tenha uma ciclo de vida por volta de oito anos, com uma renovação visual aos quatro anos, na metade de sua vida. As fabricantes chinesas costumam não seguir este cronograma e, curiosamente, isso também se aplica ao Ford mais chinês vendido no Brasil, o Territory.
Além de ser um SUV médio desenvolvido e produzido na China, seu ciclo de vida também respeita a sua origem. A primeira geração foi lançada em 2020, durante a pandemia, e era um carro baseado em automóvel da JMC, o Yusheng S330. Três anos depois, veio uma nova geração, desta vez um carro realmente feito pela Ford China, mas conhecido por lá como Equator Sport. E, apenas dois anos depois, já muda o visual.

Ou seja: em cinco anos, o utilitário mudou três vezes, algo muito rápido para os brasileiros. Ainda assim, o Ford Territory 2026 está em sua melhor forma e, como manteve o preço de R$ 215.000, começa a se transformar em uma opção interessante – há muitos SUVs compactos com preços na casa dos R$ 200.000 em suas versões mais caras.
Ao contrário da época do One Ford, em que todos os carros ganharam aquela cara que lembrava um pouco a Aston Martin, como Fusion, Fiesta e Ka, hoje a Ford tenta trabalhar com vários estilos, dependendo do produto.
O próprio Territory mostra duas identidades diferentes. O modelo vendido nos últimos dois anos usava um estilo inspirado no Evos, um SUV que substituiu o Mondeo em alguns mercados como a Europa (onde é conhecido como Mondeo Sport). A reestilização deixa essa ideia de lado para adotar linhas próximas do Explorer EV europeu.

Essa mudança de estilo está bem nítida no formato dos faróis, com luzes em led na forma de um “L” e com o conjunto principal full-led integrado a essa peça. Os dois faróis são ligados por uma barra cromada atravessando a frente. A grade cresce para os lados para alcançar a iluminação.
Junte isso com as novas rodas de 19” e foi tudo o que mudou. A traseira segue quase a mesma, com as lanternas horizontais em led do modelo anterior, mas com novo desenho na base do para-choque.

A cabine manteve todo o layout, com mudanças somente no acabamento, ao usar uma mistura de preto com faixas e costuras em uma cor marrom, usadas nos bancos e nos painéis. Ainda tem bons materiais em grande parte do interior, mas é possível notar encaixes ruins em algumas partes, como no entorno do volante.

A motorização foi mantida, com o motor 1.5 turbo de quatro cilindros a gasolina. É baseado no motor da geração anterior, usando o mesmo bloco, porém funcionando em ciclo Otto. Ainda gera os mesmos 169 cv a 5.500 rpm e 25,5 kgfm a 3.500 rpm. A transmissão também é a mesma, uma automatizada de dupla embreagem e sete marchas, banhada a óleo.
Apesar da potência e do torque iguais, a calibração do motor mudou para atender ao Proconve L8 e reduzir as emissões. O torque máximo, que aparecia em 1.500 rpm, agora surge em 3.500 rpm e isto é sentido claramente, principalmente nas retomadas acima de 80 km/h, precisando forçar uma redução na marcha via kickdown para conseguir ter mais força (não tem opção de trocas manuais). Colocar o carro no modo Sport ajudou ao acordar um pouco mais o motor e fazer trocas mais cedo, mas ainda não é um SUV para quem espera esportividade.

Não seria um problema se fosse mais econômico, o que não é o caso. Segundo os números do Inmetro, faz 8,8 km/l na cidade e 11,2 km/l na estrada. É um rendimento baixo ao considerar que muitos dos rivais são mais eficientes, mesmo que alguns sejam mais potentes – o Compass 1.3 turbo, com 176 cv, faz 10,1 km/l na cidade e 12,1 km/l na estrada.
Isto mostra as mudanças feitas para reduzir as emissões de poluentes e como afetaram o desempenho. O Territory anterior tinha um consumo homologado de 9,5 km/l no ciclo urbano e 11,8 km/l no rodoviário. É uma diferença de 0,7 km/l na cidade e 0,4 km/l na estrada.
A Ford diz que aprimorou o ajuste da suspensão e da direção, aproveitando os dados colhidos desde o lançamento da geração atual. De fato, o carro está melhor, reduzindo um pouco da firmeza excessiva do modelo anterior e transmitindo menos das imperfeições do asfalto para dentro do veículo. Ainda faz um barulho como se estivesse chegando ao fim do curso, mesmo que isto não esteja de fato acontecendo.

Não se pode reclamar do espaço interno. A equipe de desenvolvimento priorizou o conforto, principalmente para quem viaja nos bancos traseiros, com espaço o suficiente para cinco adultos sentarem sem apertos. A fabricante diz que tem o maior espaço do segmento.
Isto tem o seu custo, que foi o porta-malas. Tem capacidade para 448 litros, o que é uma quantidade um tanto baixa para o segmento e só supera o Jeep Compass, que carrega 420 litros.
Como é vendido em versão única, a Titanium, o Ford Territory é bem equipado. Tem faróis full-led, teto solar panorâmico, seis airbags, frenagem automática de emergência, câmera 360°, piloto automático adaptativo, sensor de ponto cego, sistema de permanência em faixa, bancos dianteiros com ajsute elétrico (10 posições para o motorista e 4 para o passageiro), aquecimento e ventilação para os assentis dianteiros, quadro de instrumentos digital de 12,3”, central multimídia de 12,3 cm Android Auto e Apple CarPlay sem fio, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, seletor de modo de condução, carregador wireless, ar-cndicionado digital de duas zonas com saída traseira, freio de estacionamento eletrônico e mais.
É um bom pacote, com itens que só iremos encontrar em versões mais caras dos SUVs médios, muitos deles acima de R$ 230.000, o que deixa o Territory interessante para quem busca um custo-benefício. A Ford só precisa mantê-lo assim e não mexer no visual de novo daqui a dois anos.
Ficha técnica – Ford Territory Titanium 2026
Preço: R$ 215.000
Motor: gasolina, dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, turbo injeção direta, 16V, 1.490 cm³, 169 cv a 5.500 rpm, 25,5 kgfm a 3.500 rpm
Câmbio: automático, dupla embreagem, 7 marchas simuladas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.) / multilink (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.) / disco sólido (tras.)
Pneus: 235/50 R19
Peso: 1.630 kg
Dimensões: comprimento, 468,5 cm; largura, 193,5 cm; altura, 170,6 cm; entre-eixos, 267 cm; porta-malas, 448 l; tanque de combustível, 60 l