Projeto conectaria Jerusalém ao assentamento de Maale Adumim; medida sofreu oposição internacional Internacional, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Guerra de Israel, Israel CNN Brasil
Israel está avançando com planos para construir milhares de novas unidades habitacionais na Cisjordânia ocupada, dividindo o território em dois.
Segundo o ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, o projeto “enterraria permanentemente a ideia de um Estado palestino”.
O projeto de assentamento E1, paralisado há décadas devido à forte oposição internacional, conectaria Jerusalém ao assentamento de Maale Adumim, fazendo com que o estabelecimento de Jerusalém Oriental como capital da Palestina praticamente impossível no futuro.
Isso também dividiria a Cisjordânia ao meio, impedindo o estabelecimento de um Estado palestino contíguo.
Smotrich anunciou a aprovação de 3.401 novas unidades habitacionais nesta quinta-feira (14) em uma coletiva de imprensa realizada no local da construção planejada.
“Eles falarão sobre um sonho palestino, e nós continuaremos a construir uma realidade judaica”, disse Smotrich.
“Essa realidade é o que enterrará permanentemente a ideia de um Estado palestino, porque não há nada a reconhecer e ninguém a reconhecer”, adicionou.
A aprovação final do plano é esperada para a próxima semana.
Smotrich tem pressionado o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para anexar a Cisjordânia ocupada e aplicar a soberania israelense a todo o território.
Críticas ao avanço do plano em Israel
Em um comunicado, a Presidência do Conselho Nacional Palestino criticou os novos planos de assentamento como um “plano sistêmico para roubar terras, judaizá-las e impor fatos bíblicos e talmúdicos ao conflito”.
O presidente da Câmara Rawhi Fattouh afirmou que o “plano colonial se enquadra na política de anexação gradual” da Cisjordânia, que é acompanhada pela violência dos colonos contra os palestinos.
Os assentamentos israelenses na Cisjordânia são considerados ilegais pela lei internacional.
Porém, durante o primeiro governo Trump, o Departamento de Estado dos EUA reverteu uma política de longa data e decidiu que os assentamentos “não eram inconsistentes” com a lei internacional. O governo Biden manteve essa nova política em vigor.
A organização israelense de vigilância dos assentamentos “Paz Agora” criticou duramente o avanço do plano E1, considerando-o “mortal para o futuro de Israel e para qualquer chance de alcançar uma solução pacífica de dois Estados”.
“Estamos à beira de um abismo, e o governo está nos impulsionando a todo vapor. Há uma solução para o conflito israelense-palestino e para a terrível guerra em Gaza — o estabelecimento de um Estado palestino ao lado de Israel — e ela finalmente virá”, afirmou o comunicado.
“As medidas de anexação do governo estão nos afastando ainda mais dessa solução e garantindo muitos anos de derramamento de sangue”, concluiu.