Netanyahu enviou cartas aos líderes da França e Austrália, acusando-os de alimentar o antissemitismo Internacional, Benjamin Netanyahu, Faixa de Gaza, Hamas, Israel CNN Brasil
Em uma disputa internacional crescente, Israel lançou uma série de ataques diplomáticos contra vários de seus aliados ocidentais nesta quarta-feira (20) enquanto eles se preparam para reconhecer o Estado Palestino no mês que vem.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, enviou duas cartas contundentes aos líderes da França e da Austrália, acusando ambos de alimentar o antissemitismo com a decisão de reconhecer a Palestina.
Em ambas as cartas, Netanyahu citou o que chamou de “incidentes antissemitas” e “anti-Israel” ocorridos nos últimos meses, relacionando-os às posições dos governos sobre a guerra de Gaza e a criação do Estado Palestino.
“Seu apelo por um Estado Palestino joga lenha na fogueira desse fogo antissemita”, escreveu Netanyahu em uma carta obtida pela CNN ao presidente francês Emanuel Macron.
A correspondência de Netanyahu diz que a ação dos países é um apaziguamento e “recompensa o terror do Hamas”, além de encorajar o “ódio aos judeus que agora ronda suas ruas”.
A carta ácida atraiu uma dura repreensão do Palácio do Eliseu, que observou que Macron soube da carta israelense pela imprensa antes de recebê-la pelos canais diplomáticos.
A França “protege e sempre protegerá seus compatriotas da fé judaica”, afirmou o Palácio do Eliseu em um comunicado. “Estes tempos exigem seriedade e responsabilidade, não confusão e manipulação.”
Tensão com aliados ocidentais
As tensões são um sinal do crescente abismo entre Netanyahu e seus aliados ocidentais, muitos dos quais têm se tornado cada vez mais críticos à guerra de Israel em Gaza, que destruiu vastas áreas do território e levou a uma piora da crise humanitária na região.
O primeiro-ministro da Nova Zelândia, Christopher Luxon, disse na semana passada que Netanyahu havia “perdido o rumo”, enquanto a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, disse ao jornal Jyllands-Posten que “Netanyahu agora é um problema em si mesmo”.
Mais cedo na terça-feira (19), o primeiro-ministro israelense também criticou duramente o primeiro-ministro australiano Anthony Albanese, chamando-o de “político fraco”, depois que seu governo cancelou o visto de um parlamentar de extrema direita da coalizão de governo de Netanyahu.
Austrália e França são duas das mais recentes nações ocidentais a anunciar planos para reconhecer a Palestina. Canadá e Portugal também anunciaram intenções semelhantes. No próximo mês, eles se juntarão a mais de 140 outros países que já reconhecem o Estado palestino.
O Reino Unido afirmou condicionalmente que reconhecerá um Estado Palestino se Israel não atender aos critérios que incluem concordar com um cessar-fogo em Gaza.
Netanyahu estabeleceu um prazo para que os líderes da Austrália e da França tomem medidas contra o “câncer” do antissemitismo, pedindo que eles “ajam” antes do Ano Novo Judaico em 23 de setembro.