Cessar-fogo estabelecido entre o país e o grupo Hezbollah, em novembro do ano passado, determina retirada do exército israelense da região em um prazo de 60 dias que termina neste domingo (26)
Este conteúdo foi originalmente publicado em Israel quer manter tropas no Líbano após fim do prazo de retirada no site CNN Brasil. Internacional, Cessar-fogo, Donald Trump, Estados Unidos, Hezbollah, Israel, Oriente Médio CNN Brasil
O governo israelense está tentando manter posições militares no sul do Líbano após o prazo de retirada acabar no próximo domingo (26), definido em um acordo de cessar-fogo de novembro entre Israel e o Hezbollah, disse o embaixador do país nos EUA na quinta-feira (23).
O exército israelense invadiu o sul do Líbano em 1º de outubro do ano passado – ápice da guerra de um ano com o Hezbollah, que atacou o território controlado por Israel em 8 de outubro de 2023, em solidariedade ao Hamas.
Segundo o país, o presidente dos EUA, Donald Trump, que quer que as tropas israelenses permaneçam no Líbano por pelo menos mais 30 dias, relatou uma autoridade israelense à CNN.
O gabinete de segurança de Israel se reuniu na quinta-feira à noite para discutir o assunto.
Não está claro se o governo Trump respondeu à solicitação ou a levou ao governo libanês. O enviado do ex-presidente Joe Biden intermediou o acordo entre Israel e o Hezbollah, o grupo militante libanês apoiado pelo Irã.
Em uma declaração, um funcionário do Departamento de Defesa dos EUA pareceu sugerir que o cronograma poderia ser maleável.
Michael Herzog, embaixador de Israel em Washington, disse à Rádio do Exército de Israel na quinta-feira (23) que o prazo de 60 dias estabelecido no acordo de cessar-fogo de novembro “não está definido em pedra”.
“Estamos atualmente em discussões com a administração Trump para prolongar a duração do tempo necessário para o exército libanês se deslocar e cumprir suas obrigações segundo o acordo”, expressou ele. “Há um entendimento na administração entrante sobre quais são nossas necessidades de segurança e qual é nossa posição, e acredito que chegaremos a um entendimento sobre essa questão também”, concluiu.
O que diz os Estados Unidos
Em uma declaração à CNN na quinta-feira, um funcionário do Departamento de Defesa dos EUA não disse explicitamente se a retirada estava no caminho certo.
“Os compromissos do fim de hostilidades que entraram em vigor em 27 de novembro de 2024, declaram que a retirada das Forças de Defesa de Israel da região sul de Litani, deve ser concluída em 60 dias”, ressaltou a autoridade. “Esse cronograma foi definido para tentar gerar velocidade de ação e progresso. E o progresso foi feito.”
Ele acrescentou dizendo que, “as Forças Armadas Libanesas mostraram que têm comprometimento, vontade e capacidade de executar o acordo”.
Conforme a resolução de novembro, as forças israelenses e do Hezbollah devem se retirar do sul do Líbano até 26 de janeiro, fim do período de 60 dias.
Um oficial de Israel, que descreveu o pedido do país aos EUA, alegou que os israelenses solicitaram uma extensão de 30 dias e disse que reavaliaria a viabilidade de se retirar do sul do Líbano no final dessa extensão.
A autoridade pontuou que todos os postos avançados que o país pediu para manter estão ao longo da fronteira Israel-Líbano.
Os militares libaneses e as forças de paz da ONU serão as únicas forças permitidas no sul do Líbano.
O Hezbollah deve se retirar para o norte do Rio Litani do Líbano – uma fronteira além da qual o grupo militante não deveria ter avançado sob uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas de 2006.
“Ainda não é o caso”, expressou o porta-voz do governo israelense, David Mencer, sobre a retirada do Hezbollah e a mobilização do exército libanês em um briefing na quinta-feira. “Há movimento, mas não está se movendo rápido o suficiente.”
Em uma declaração na quinta-feira (23), o grupo disse que se o exército israelense permanecesse no Líbano depois do domingo (26), “seria considerado uma violação descarada do acordo” que exigiria que o estado libanês “lidasse com isso por todos os meios à sua disposição, oferecidos a ele por tratados internacionais, a fim de recuperar a terra e arrancá-la das garras da ocupação.”
EUA veem ‘caminho muito positivo’
Há algum tempo há especulações em Israel de que o governo tentaria mudar os termos de seu cessar-fogo com o Hezbollah assim que Trump assumisse o cargo.
A situação exata no sul do Líbano é decididamente opaca. Os militares israelenses passaram os últimos meses do cessar-fogo destruindo febrilmente as armas e a infraestrutura militar do Hezbollah e arrasando várias aldeias libanesas perto da fronteira. A postura militar do Hezbollah não é clara.
O quadro mais claro foi pintado pelos militares dos EUA, que, com o governo francês e as Nações Unidas, estão monitorando o cessar-fogo.
O Major-General dos EUA Jasper Jeffers, que lidera o esforço americano, disse após uma viagem ao sul do Líbano na semana passada que os “postos de controle e patrulhas militares libaneses operam efetivamente em todo o sudoeste do Líbano”. Ele disse que há “um caminho muito positivo para continuar a retirada das FDI conforme planejado”.
No início deste mês, o parlamento do Líbano elegeu Joseph Aoun, apoiado pelos EUA e ex-chefe militar, como presidente.
Isso encerrou mais de dois anos de impasse que resultaram em um vácuo presidencial. A eleição foi provocada por um forte esforço saudita para reunir o apoio necessário para Aoun.
Em seu discurso de aceitação, visto como um modelo para um mandato de seis anos, Aoun prometeu monopolizar armas sob o mandato do estado.
Foi uma promessa avassaladora, marcando uma clara ruptura com a política não escrita de décadas para preservar a ala militante do Hezbollah, que foi de fato encarregada de enfrentar as forças israelenses.
Expectativas israelenses
O otimismo americano sobre o cessar-fogo não é compartilhado por muitos civis do norte de Israel, que têm demorado a retornar às comunidades esvaziadas pela guerra. Moradores de Kiryat Shmona devem protestar contra a retirada israelense do Líbano no domingo (26).
“A maioria das comunidades continua vazia”, Sarit Zehavi, que dirige o Alma Research and Education Center, especializado em questões de segurança no norte do país. “As pessoas querem voltar.”
Há um medo generalizado no norte de Israel, ela disse, de que a retirada militar dará ao Hezbollah carta-branca para se posicionar perto da fronteira de Israel, sob o nariz do exército libanês.
“O exército libanês está longe de desarmar o Hezbollah”, ela disse. “Estamos muito preocupados com o que acontecerá se as Forças de Defesa de Israel se retirarem completamente e a execução das FDI parar, porque não vemos o exército libanês fazendo nada.”
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