Exército afirmou que militares receberam novas instruções após o que chamaram de “lições aprendidas” Internacional, Ajuda humanitária, Faixa de Gaza, Israel CNN Brasil
O Exército de Israel reconheceu nesta segunda-feira (30) que civis palestinos foram feridos em centros de distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, afirmando que as forças israelenses receberam novas instruções após o que chamaram de “lições aprendidas”.
Desde que Israel suspendeu o bloqueio de ajuda humanitária a Gaza em 19 de maio, permitindo a retomada de entregas limitadas da ONU, as Nações Unidas afirmam que mais de 400 palestinos foram mortos enquanto buscavam auxílio.
“Após incidentes em que civis que chegaram aos centros de distribuição foram relatados, exames minuciosos foram realizados no Comando Sul e instruções foram emitidas às forças em campo após as lições aprendidas”, disse o porta-voz militar israelense em um comunicado.
O comunicado afirmou que os casos em que civis de Gaza foram feridos estavam sob revisão.
Na sexta-feira, o jornal Haaretz noticiou que o procurador-geral militar de Israel havia ordenado uma investigação sobre possíveis crimes de guerra devido às alegações de que as forças israelenses atiraram deliberadamente contra civis palestinos perto dos locais de distribuição.
Nesta segunda, uma reportagem do Times of Israel afirmou que os bombardeios de artilharia que tinham como objetivo fazer com que os palestinos não se aproximem de certas zonas próximas aos centros de distribuição foram imprecisos em pelo menos três casos, resultando em 30 a 40 vítimas, incluindo várias fatalidades.
O porta-voz militar não comentou essa reportagem.
Israel tem dito que suas forças operam perto dos centros de distribuição de ajuda para impedir que os suprimentos sejam pegos pelo Hamas.
Um alto funcionário da ONU pontuou no domingo (29) que a maioria das pessoas que morreram tentava chegar aos locais de distribuição de ajuda humanitária da (GHF) Fundação Humanitária de Gaza, apoiada pelos Estados Unidos.
A GHF começou a distribuir pacotes de alimentos no território palestino no final de maio, supervisionando um novo modelo de entregas que, segundo as Nações Unidas, não é imparcial nem neutro.
Muitos moradores de Gaza dizem que precisam caminhar por horas para chegar aos locais de distribuição, o que significa que precisam começar a viajar bem antes do amanhecer para terem alguma chance de receber alimentos.
ONU diz que distribuição de ajuda é insegura
O secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou na semana passada que a operação de ajuda humanitária apoiada pelos EUA em Gaza é “inerentemente insegura”, acrescentando: “Está matando pessoas”.
Israel e os Estados Unidos querem que a ONU trabalhe por meio do GHF, mas a ONU se recusou, questionando sua neutralidade e acusando o modelo de militarizar a ajuda e forçar o deslocamento.
“Qualquer operação que canalize civis desesperados para zonas militarizadas é inerentemente insegura. Está matando pessoas”, pontuou Guterres a repórteres.
Respondendo ao secretário na sexta-feira, o ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que seus militares nunca têm civis como alvos e acusou a ONU de “fazer tudo o que pode” para se opor à operação de ajuda do GHF.
“Ao fazer isso, a ONU está se alinhando com o Hamas, que também está tentando sabotar as operações humanitárias do GHF”, publicou a pasta no X.
Um porta-voz da GHF comentou que não houve mortes em ou perto de qualquer um dos locais de distribuição de ajuda da organização.
Além disso, Israel e os Estados Unidos acusaram o Hamas de roubar ajuda das operações lideradas pela ONU, o que os combatentes palestinos negam.
O Exército de Israel informou na segunda-feira que tomou medidas para proteger os centros de distribuição de ajuda com cercas, placas de sinalização e advertência, além da adição de mais rotas de acesso com barreiras e postos de controle para regular a circulação de veículos.
Afirmou ainda que transferiu um centro de distribuição para reduzir o atrito com a população e manter a segurança das tropas em terra.