Declaração foi feita depois que imagens de homens mascarados em caminhões de ajuda humanitária começarem a circular; Hamas negou que esteja confiscando carga Internacional, Faixa de Gaza, Guerra Oriente Médio, Hamas, Israel CNN Brasil
Israel suspendeu o fornecimento de ajuda a Gaza por dois dias para evitar que fosse confiscado pelo Hamas, disse uma autoridade na quinta-feira (26).
A declaração foi feita depois que imagens de homens mascarados em caminhões de ajuda humanitária começarem a circular. Líderes de clãs afirmam que eles estavam protegendo os veículos e não desviando para o grupo palestino.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu disse na quarta-feira (25), em uma declaração conjunta com o ministro da Defesa Israel Katz, que ordenou que os militares apresentassem um plano dentro de dois dias para impedir que o Hamas assumisse o controle da ajuda.
A decisão foi tomada após Netanyahu e Katz citarem novas informações indicando que o Hamas estava confiscando ajuda humanitária destinada a civis no norte de Gaza. O comunicado não divulgou a informação, mas um vídeo que circulou na quarta-feira (25) mostrou dezenas de homens mascarados, a maioria carregando porretes e alguns armados com rifles, em caminhões de ajuda humanitária.
Uma autoridade israelense, falando sob condição de anonimato, disse à Reuters que as entregas de ajuda foram temporariamente suspensas por dois dias para dar tempo aos militares de desenvolver um novo plano.
Não houve comentários imediatos do gabinete do premiê, do ministério da defesa ou do exército israelense.
A Comissão Superior para Assuntos Tribais, que representa clãs influentes no território, afirmou que os caminhões foram protegidos como parte de um processo de segurança humanitária gerenciado “exclusivamente por esforços tribais”. A comissão afirmou que nenhuma facção palestina participou do processo.
O Hamas, grupo militante que governou Gaza por mais de duas décadas e agora controla apenas partes do território após quase dois anos de guerra com Israel, negou qualquer envolvimento.
Ao longo da guerra, vários clãs, grupos da sociedade civil e facções — incluindo o rival político secular do Hamas, o Fatah — intervieram para ajudar a fornecer segurança aos comboios de ajuda.
Clãs formados por famílias extensas conectadas por sangue e casamento são há muito tempo uma parte fundamental da sociedade de Gaza.
Escassez de alimentos
Amjad al-Shawa, diretor de uma organização que reúne ONGs palestinas, disse que a ajuda protegida pelos clãs na quarta-feira (25) estava sendo distribuída para famílias vulneráveis.
Há uma escassez aguda de alimentos e outros suprimentos básicos após a campanha militar de quase dois anos de Israel, que deslocou a maioria dos dois milhões de habitantes de Gaza.
Caminhões de ajuda humanitária e armazéns que armazenam suprimentos têm sido frequentemente saqueados, muitas vezes por palestinos desesperados e famintos. Israel acusa o Hamas de roubar ajuda para seus próprios combatentes ou de vendê-la para financiar suas operações, acusação que o Hamas nega.
“Os clãs vieram… para formar uma posição para impedir que os agressores e os ladrões roubassem a comida que pertence ao nosso povo”, disse Abu Salman Al Moghani, um representante dos clãs de Gaza, referindo-se à operação de quarta-feira (25).
O vídeo foi compartilhado na rede social X pelo ex-primeiro-ministro Naftali Bennett, que alegou que o Hamas havia assumido o controle da ajuda concedida à Faixa de Gaza pelo governo israelense. Bennett é amplamente visto como o concorrente mais viável de Netanyahu na próxima eleição.
Netanyahu também enfrentou pressão dentro de sua coalizão de direita, com alguns membros linha-dura ameaçando renunciar por causa das negociações de cessar-fogo e da entrega de ajuda humanitária.
A guerra começou quando o Hamas lançou um ataque surpresa contra Israel em 7 de outubro de 2023, matando quase 1.200 pessoas, a maioria civis, e levando outras 251 como reféns para Gaza.
Em resposta, Israel lançou uma campanha militar que matou mais de 56 mil palestinos, a maioria civis, de acordo com autoridades de saúde locais em Gaza.
Pelo menos 103 palestinos foram mortos por disparos israelenses no último dia, segundo autoridades de saúde locais, incluindo alguns baleados perto de um ponto de distribuição de ajuda humanitária, o mais recente de uma série de incidentes semelhantes. O exército israelense não comentou de imediato.
Vinte reféns permanecem em cativeiro em Gaza, enquanto o Hamas também mantém os corpos de 30 que morreram.