Estudo da Fiocruz mostra que idade é fator determinante para risco de morte externa Rio de Janeiro, -agencia-cnn-, Fiocruz, pesquisa CNN Brasil
Jovens negros concentram 73% das mortes por causas externas no Brasil, segundo o 1º Informe epidemiológico sobre a situação de saúde da juventude brasileira: violências e acidentes, divulgado pela Fiocruz. O levantamento mostra que a desigualdade racial é mais acentuada na juventude e que idade, gênero e região influenciam diretamente o risco de óbito.
Entre 2022 e 2023, foram registradas 128.826 mortes de jovens de 15 a 29 anos. Desse total, 65% (84.034) ocorreram por causas externas, isto é, não relacionadas a doenças ou processos naturais do organismo, mas sim a fatores como violências, acidentes e confrontos armados. Dentro desse grupo, 73% das vítimas eram jovens negros.
O estudo revela que a faixa etária é um fator de risco mais determinante que a localização geográfica. Adolescentes de 15 a 19 anos sofrem mais agressões físicas e estão mais expostos a conflitos, enquanto os de 20 a 24 anos concentram a maior taxa de mortes violentas, muitas vezes no início da vida laboral. A taxa de mortalidade por causas externas nessa faixa chegou a 218,2 por 100 mil habitantes, acima da média geral da população (149,7).
Armas de fogo e acidentes de motocicleta estão entre as principais causas de morte. Homens respondem por 84% dos óbitos em acidentes de transporte, sendo mais da metade (53%) em motocicletas. Já as agressões com armas de fogo são a principal forma de morte violenta tanto entre homens quanto mulheres.
Entre os casos de violência notificados no SUS, a agressão física foi a mais recorrente (47%), seguida pela violência psicológica ou moral (15,6%) e pela violência sexual (7,2%).
Outro dado relevante é a intervenção policial, responsável por 3% das mortes externas de jovens — três vezes mais do que o índice registrado na população em geral (1%).
Regionalmente, Norte e Nordeste apresentam os maiores riscos de mortalidade juvenil. No Amapá, a taxa de mortes externas entre jovens de 20 a 24 anos chegou a 447 por 100 mil habitantes, e na Bahia, 403. As Unidades da Federação com os índices mais altos de violência juvenil foram o Distrito Federal (696,1), Espírito Santo (637,8), Mato Grosso do Sul (629,5) e Roraima (623,5), muito acima da média nacional de 250,6 por 100 mil habitantes.