Fundador do WikiLeaks alega que opositora da Venezuela é inelegível por incitar mobilização militar dos EUA Internacional, Julian Assange, Maria Corina Machado, Nobel da Paz, WikiLeaks CNN Brasil
O fundador da plataforma WikiLeaks, Julian Assange, processou o comitê organizador do Nobel da Paz por ter dado o prêmio à opositora venezuelana María Corina Machado.
Ele alega que Machado não deveria ter recebido a honraria porque incitou a “maior mobilização militar dos Estados Unidos desde a guerra do Iraque”.
A declaração seria uma referência à movimentação de ativos militares americanos na região do Caribe, em meio às tensões entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro.
Assange ainda pede o congelamento do dinheiro destinado à opositora por causa do prêmio, avaliado em cerca de R$ 5,5 milhões.
Ele alega que o comitê, incluindo o presidente da Fundação Nobel, transformou “um instrumento de paz em um instrumento de guerra”, pontuando que houve “abuso de confiança, apropriação indébita e conspiração em relação” ao prêmio.
Segundo Assange, María Corina Machado continuou incitando o governo Trump a aumentar a tensão, usando a posição de ganhadora do Nobel da Paz, e “pode muito bem ter inclinado a balança a favor da guerra”.
O fundador do WikiLeaks pede ainda a investigação de dirigentes da fundação e das entidades associadas por abuso de confiança, facilitação de crimes de guerra e crimes contra a humanidade e conspiração.
Com isso, solicita também a apreensão das atas das reuniões do conselho, e-mails, conversas em grupo e registros financeiros.
Se a apuração não for feita em âmbito nacional, Assage pede que o caso seja levado ao Tribunal Penal Internacional.
Entenda a tensão entre Estados Unidos e Venezuela
A tensão entre Estados Unidos e Venezuela começou a aumentar em agosto, quando o governo de Donald Trump aumentou para US$ 50 milhões a recompensa por informações que levem à prisão do ditador Nicolás Maduro.
Enquanto isso, os EUA enviaram aeronaves, veículos, milhares de soldados e um grupo de ataque de porta-aviões das Forças Armadas para o Caribe, sob a premissa de combate ao narcotráfico.
As operações incluem diversos ataques contra barcos tanto no Caribe quanto no Pacífico que supostamente estariam transportando drogas. Porém, foram levantados questionamentos sobre a legalidade dessas ações.
Além dos ataques contra embarcações, os EUA também pressionam o regime de Maduro, que é acusado pela Casa Branca de ter relação com o narcotráfico e o Cartel de Los Soles.
Segundo fontes consultadas pela CNN, o governo de Donald Trump está elaborando planos para “o dia seguinte” à deposição de Maduro, mas ainda não foi tomada uma decisão sobre um ataque direto ao país.
Trump conversou por telefone com Maduro no final de novembro, poucos dias antes de os EUA o classificarem como integrante de uma organização terrorista estrangeira. O venezuelano teria recebido um ultimato para deixar o poder e o país, mas o descumpriu.
Em outra ação que aumentou a tensão entre os dois países, os Estados Unidos apreenderam um petroleiro próximo à Venezuela, medida classificada de “roubo descarado” e “um ato de pirataria internacional” pelo regime de Maduro.
Posteriormente, Trump anunciou um “bloqueio total” contra os petroleiros sancionados da Venezuela e disse que não deixará “ninguém passar sem o devido direito”.

