Marilia Fontes, da Nord Research, diz que se a questão fiscal do Brasil não for resolvida, casos de recuperação judicial podem se transformar em problema maior Macroeconomia, -transcricao-de-video-money-, CNN Brasil Money, Crédito Privado, Investimentos, Juros altos, títulos públicos CNN Brasil
A persistência de juros elevados no Brasil pode desencadear uma crise sistêmica no mercado de crédito privado, especialmente se a situação fiscal do país não apresentar melhorias.
O alerta foi feito por Marilia Fontes, da Nord Research, que destacou os riscos estruturais para o mercado de crédito em entrevista ao CNN Money.
Alterações na legislação, como a implementação de come-cotas em fundos exclusivos e mudanças nas regras de emissão de LCI e LCA, direcionaram investidores para créditos isentos, como CRIs, CRAs e debêntures de infraestrutura, apontou a economista
Fontes diz que os títulos mais seguros, classificados como “AAA”, chegam a pagar taxas inferiores às dos títulos governamentais em momento “crucial” para a economia.
“Teremos uma eleição ano que vem, e se não resolvermos o problema fiscal, vamos nos manter com taxa de juros altíssima por mais tempo, fazendo com que eventos pontuais de recuperação judicial possam se tornar uma crise sistêmica e ampla”, afirma.
A economista da Nomad destaca que as altas taxas de juros e mudanças de legislação dos últimos anos impulsionaram significativamente o mercado de crédito privado.
O percentual de investimento nesse segmento praticamente dobrou nos últimos dois ou três anos, tanto nas carteiras de clientes quanto em fundos de investimento, segundo a economista. Esta concentração de capital oferece riscos, segundo ela.
“A indústria de fundos de crédito privado foi a única que registrou crescimento no período. É uma situação de mercado muito sobrealocado, muitas emissões foram feitas antecipando a MP 1.303”, comenta.
Recomendações aos investidores
Para investidores expostos ao mercado de crédito privado, a recomendação é evitar novos aportes nesse segmento. A especialista sugere direcionar novos investimentos para títulos públicos e, conforme os títulos privados forem pagando juros e amortização, realocar esses recursos em outras categorias de ativos.
“A solução é sair dos títulos privados e ir para títulos públicos à medida que você consegue liquidez e novos aportes para fazer isso, de tal forma que até o final das eleições, você já tenha uma carteira de crédito privado representando um percentual menor do seu patrimônio”, indica Fontes.
A situação é particularmente desafiadora para empresas endividadas que aproveitaram o período de baixo custo de capital para crescer. Mesmo com uma possível redução dos juros para 12% ao ano, o cenário permaneceria desafiador para essas companhias.
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