No fim de semana os EUA divulgaram uma lista de produtos que receberão isenções tarifárias, entre eles smartphones, computadores e outros eletrônicos fornecidos em grande parte pela China
Este conteúdo foi originalmente publicado em Juros futuros caem no Brasil após Trump aliviar tarifas sobre eletrônicos no site CNN Brasil. Macroeconomia, CNN Brasil Money, Juros, Tarifas, Trump CNN Brasil
As taxas dos DIs fecharam a segunda-feira em queda firme, acompanhando o recuo dos rendimentos dos Treasuries no exterior após os EUA aliviarem as tarifas de importação cobradas de alguns produtos eletrônicos, incluindo os vendidos pela China.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 — um dos mais líquidos no curto prazo — estava em 14,695%, em baixa de 6 pontos-base ante o ajuste de 14,752% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 14,17%, ante o ajuste de 14,358%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,31%, ante 14,537% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,39%, ante 14,628%.
No fim de semana os EUA divulgaram uma lista de produtos que receberão isenções tarifárias, entre eles smartphones, computadores e outros eletrônicos fornecidos em grande parte pela China. Com isso estes produtos chineses serão poupados da tarifa recíproca de 125% anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
O anúncio de isenção foi bem recebido pelo mercado, já que os smartphones representaram a principal importação pelos EUA da China em 2024, totalizando US$41,7 bilhões. Os laptops chineses ficaram em segundo lugar, com US$33,1 bilhões. O efeito positivo nos mercados ocorreu a despeito de o próprio Trump afirmar no domingo que anunciará a taxa tarifária sobre semicondutores importados na próxima semana, acrescentando que haverá flexibilidade com algumas empresas do setor.
Neste cenário, os rendimentos dos Treasuries cediam desde cedo, o que também pesava sobre a curva a termo no Brasil.
“Hoje a gente está seguindo o mercado lá fora, principalmente o americano, onde as taxas estão fechando, com este arrefecimento das tarifas para a entrada de eletrônicos e semicondutores (nos EUA)”, pontuou Marcelo Bacelar, gestor de portfólio da Azimut Brasil Wealth Management. “A bolsa lá fora está subindo, os (rendimentos dos) Treasuries estão fechando, então acredito que o DI está refletindo isso.”
Na mínima do dia, às 15h30, a taxa do DI para janeiro de 2033 atingiu 14,39%, em baixa de 24 pontos-base ante o ajuste da sexta-feira.
O movimento ocorreu em uma sessão em que o dólar também se manteve em queda ante o real na maior parte do dia, com os investidores cautelosos com o cenário para a taxa básica Selic, hoje em 14,25% ao ano.
No boletim Focus divulgado na manhã desta segunda-feira, a projeção mediana dos economistas do mercado para a Selic no fim de 2025 seguiu em 15,00% e no fim de 2026, em 12,50%. Já a expectativa mediana no Focus para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central é de alta de 50 pontos-base da Selic.
Também no Focus, as expectativas para a inflação seguiram em 5,65% em 2025 e em 4,50% em 2026 — em ambos os casos acima da meta contínua de 3% do Banco Central.
Na sexta-feira — atualização mais recente — o mercado de opções de Copom da B3 precificava 62,00% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic em maio (ante 58,00% na véspera), 15,00% de chances de alta de 25 pontos-base (12,50% na véspera) e 12,00% de possibilidade de manutenção (13,50% na véspera).
“Há um consenso de que o ‘net’ (resultado líquido) é desinflacionário, dado o que está acontecendo com as commodities e o possível aumento de oferta de bens no Brasil vindo da China, considerando que está mais caro exportar agora para os EUA”, pontuou Bacelar, da Azimut.
“A percepção é de que, por este lado, (a disputa entre EUA e China) vai ajudar (no controle da inflação), e aí me parece que há uma oportunidade para o BC continuar falando duro para conseguir ancorar as expectativas”, acrescentou.
No exterior, os rendimentos dos Treasuries seguiam em queda firme no fim da tarde. Às 16h37, o rendimento do título de dez anos — referência global para decisões de investimento — caía 12 pontos-base, a 4,372%.
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