Ganho de força dos rendimentos dos Treasuries reconduziu as taxas futuras no Brasil para perto dos ajustes da véspera Mercado, -agencia-reuters-, CNN Brasil Money, Depósito Interfinanceiro, Juros Futuros, Mercado Financeiro CNN Brasil
As taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam a sexta-feira (27) muito próximas da estabilidade, influenciadas pelos dados de inflação nos Estados Unidos, que reforçaram as apostas de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed), e pelas repercussões da derrubada dos aumentos do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pelo Congresso Nacional.
Durante a tarde, o ganho de força dos rendimentos dos Treasuries reconduziu as taxas futuras no Brasil para perto dos ajustes da véspera, em uma sessão em que o dólar também oscilou perto da estabilidade.
No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 14,935%, ante o ajuste de 14,933% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2027 marcava 14,19%, ante o ajuste de 14,179%.
Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,49%, ante 13,496% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,61%, ante 13,624%.
Pela manhã, o Departamento de Comércio dos EUA informou que o índice PCE — o indicador preferido de inflação do Fed — teve alta de 0,1% em maio, ganho igual ao de abril e exatamente em linha com a previsão de economistas consultados pela Reuters.
Em 12 meses — taxa que é referência para a meta de inflação do Fed –, o PCE atingiu alta de 2,3%, acelerando em relação ao ganho revisado de 2,2% no mês anterior, mas em linha com a projeção em pesquisa da Reuters. O acumulado de 12 meses também ficou próximo da meta de 2% de inflação perseguida pelo Fed.
Os números intensificaram as apostas de que o Fed caminha para cortar juros, o que pesou sobre os rendimentos dos Treasuries mais cedo e, em paralelo, sobre a curva brasileira.
“Está crescendo o debate ali no Fed de cortar juros, com quase metade dos diretores sendo já favorável a um corte agora em julho […]. Acho que não vem ainda o corte, mas está quase”, comentou pela manhã o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala.
“Estes dois cortes de 0,25 no segundo semestre estão meio que dados – o que ajuda muito o Brasil, que tem um diferencial de juros gigante”, acrescentou.
Às 10h13, já após os dados do PCE, a taxa do DI para janeiro de 2028 atingiu a mínima de 13,345%, em baixa de 9 pontos-base ante o ajuste da véspera.
Perto deste horário o dólar também oscilava próximo das mínimas do dia ante o real, em meio à leitura de que juros mais baixos nos EUA e ainda elevados no Brasil favorecem a moeda brasileira.
No entanto, no restante da manhã e, principalmente, durante a tarde as taxas dos DIs ganharam força e se reaproximaram da estabilidade. Este movimento à tarde esteve em sintonia com os rendimentos dos Treasuries, que subiram depois das 14h.
Internamente, as atenções também se voltaram para o embate entre Planalto e Congresso em torno do IOF. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se tiver o aval da Advocacia-Geral da União (AGU), deve ingressar com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão dos congressistas que derrubou decreto que aumentava alíquotas do IOF.
O governo Lula tem adotado o discurso de que o decreto do IOF visava cobrir impostos dos mais ricos e que seria parte de uma série de medidas que visam a “justiça tributária”. Críticos da medida, por sua vez, argumentam que, em vez de atacar os gastos públicos, o governo tem buscado elevar impostos para fechar suas contas.
Apesar das preocupações com a área fiscal, as perspectivas do mercado para o futuro da política monetária no Brasil pouco mudaram nesta sexta-feira.
Perto do fechamento, a curva a termo precificava 99% de probabilidade de manutenção da taxa básica Selic em 15% no encontro de julho do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).
Na quinta-feira (26) – atualização mais recente – a precificação das opções de Copom negociadas na B3 indicava 87% de chances de manutenção da Selic, contra 9,03% de probabilidade de nova alta de 25 pontos-base em julho.
No fim da manhã, o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, disse que a autarquia prevê um prazo bastante prolongado de taxa de juros estável diante da desancoragem de expectativas de mercado para os preços, período no qual a autoridade monetária avaliará se a Selic atual de 15% é suficiente para conduzir a inflação à meta.
Em evento promovido pelo Barclays, em São Paulo, ele acrescentou que a discussão sobre corte de juros está “muito distante” e não tem sido feita no Copom. “Esse me parece um debate muito distante, o debate de corte não faz parte do Copom.”
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