Economista vê possível recessão com deterioração do cenário fiscal e necessidade de reforma cada vez mais próxima Macroeconomia, Cenário fiscal, CNN Brasil Money, Governo Lula, marcos lisboa CNN Brasil
A economia brasileira está caminhando bem, ao menos por enquanto, para Marcos Lisboa, ex-secretário do Ministério da Fazenda e ex-presidente do Insper.
Porém, o economista fez um paralelo do cenário atual com o vivido no começo dos anos 2010, antes da recessão de 2015 e 2016, em entrevista exclusiva ao CNN Money.
“A economia está indo bem, por enquanto, como estava indo em 2013, e a gente sabe o que veio depois. Essas maneiras artificiais de estimular a economia cobram um preço muito caro nos anos seguintes”, ponderou Lisboa nesta segunda-feira (14).
O economista vê “uma atitude meio esquizofrênica” por parte do Executivo, que estimula o movimento da economia por meio da expansão de gastos e promoção do crédito, enquanto o BC (Banco Central) sobe os juros para tentar conter a inflação.
“A gente já teve uma crise dessas, estava anunciada em 2013, começou em 2014, aí o governo foi reeleito, tentou dar um cavalo de pau em 2015 e deu no que deu. A gente conhece essa história e foi uma das duas maiores recessões da nossa história”, pontuou.
Mesmo com o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro ainda dando sinais de força, a expectativa é de que a atividade econômica comece a desacelerar ao passo que os juros do BC começarem a transmitir mais fortemente seus efeitos na economia.
Os diretores do Copom (Comitê de Política Monetária) têm reforçado que a Selic deve permanecer elevada – hoje em 15% ao ano – por um período “bastante prolongado” para conseguir trazer a inflação – que bateu 5,35% no acumulado de 12 meses até junho – à meta de 3%.
“A imensa maioria dos analistas está muito pessimista com o que vai vir em 2027 e o tamanho da encrenca que o próximo governo vai herdar. Mas a crise já está vindo antes do que o próprio governo esperava, está vindo mais cedo”, concluiu.
Lisboa indicou que a crise fiscal já devia ressoar ainda mais na economia brasileira se não fosse por mecanismos utilizados pelo Executivo para maquiar as contas públicas, como uso de regimes especiais fora do orçamento e adiamento de pagamentos.
“Me parece que o Brasil, infelizmente, vai ter que passar por uma crise para ter que arrumar a casa. Se não fossem os truques de que o governo fez […], se o governo não tivesse feito tudo aquilo que o manual de política pública diz para você não fazer, o problema já tinha vindo antes”, enfatizou.
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