Integrantes do Supremo evitam desfile em meio a julgamento de militares acusado de planejar golpe para manter Bolsonaro no poder; Legislativo é representado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta Política, 7 de Setembro, Governo Lula, STF (Supremo Tribunal Federal) CNN Brasil
Pela primeira vez desde o início do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, nenhum dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) compareceu ao desfile cívico-militar de 7 de Setembro, realizado na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
A ausência coletiva ocorre em um momento politicamente sensível: o ex-presidente Jair Bolsonaro está sendo julgado pela Corte pela tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
O evento deste ano, com cerca de duas horas de duração, teve como mote a valorização da soberania nacional e contou com a presença de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin, ministros de Estado e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). Também foram destacados temas como a COP30 e o Novo PAC, reforçando o compromisso do governo com o desenvolvimento sustentável e a defesa da pátria.
A ausência dos ministros do STF contrasta com o desfile de 2023, quando seis magistrados participaram da cerimônia ao lado de Lula, incluindo Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes.
Em 2024, a presença também foi registrada, ainda que de forma mais discreta. Em 2025, no entanto, nenhum ministro compareceu — o que torna o gesto especialmente simbólico.
Analistas políticos interpretam a ausência como sinal de prudência institucional diante da polarização crescente e da sensibilidade dos casos em julgamento. Bolsonaro e outros réus enfrentam acusações como tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, organização criminosa e incitação ao golpe.
O silêncio da Corte no palanque oficial reforça a separação entre os Poderes e evita leituras políticas sobre a atuação do Judiciário. Em meio a manifestações simultâneas de apoiadores e críticos do ex-presidente em diversas capitais, o desfile da Independência de 2025 foi mais do que uma celebração cívica — foi também um termômetro político.