Vice-presidente da gigante dinamarquesa defende modelo verticalizado para novo megaterminal no Porto de Santos, que deve dobrar capacidade de movimentação de contêineres no país
Este conteúdo foi originalmente publicado em Maersk faz apelo contra restrições a armadores no leilão do Tecon Santos 10 no site CNN Brasil. Negócios, Maersk, Porto de Santos CNN Brasil
O vice-presidente de Políticas Públicas e Regulatórias da Maersk, Danilo Veras, fez um apelo ao governo e ao Tribunal de Contas da União (TCU) para que não imponham restrições à participação de armadores (companhias de navegação) no leilão do Tecon Santos 10 — novo megaterminal de contêineres do maior porto da América Latina, previsto para novembro deste ano.
O terminal, antes batizado de STS 10 e agora renomeado, será o maior arrendamento portuário já realizado no país.
O projeto prevê investimentos de R$ 5,6 bilhões em 25 anos de contrato e a movimentação de até 3,5 milhões de TEUs (contêineres-padrão de 20 pés), aumentando em 50% a capacidade do Porto de Santos (SP), que está à beira do esgotamento da capacidade de movimentação desse tipo de carga.
O executivo defende que o megaterminal de contêineres deve possa seguir o modelo verticalizado — quando o terminal é controlado por um armador, mas opera de forma aberta, atendendo também navios de outras companhias.
Para Veras, a tentativa de promover a concorrência por meio de desverticalização não teve os efeitos esperados no país.
“No Brasil, a experiência mostrou que a ideia de que a desverticalização aumentaria a concorrência, por meio de um terminal ‘bandeira branca’, nunca se concretizou. Precisamos ser responsáveis ao impor restrições. Isso sim pode enfraquecer a competição e direcionar a licitação para um player específico”, afirmou.
O projeto está em consulta pública pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Depois, será remetido para o TCU.
O órgão de controle pode, em tese, determinar mudanças no modelo — por isso o pedido do executivo da Maersk também ao presidente do Tribunal de Contas da União.
O cenário mudou significativamente desde a primeira tentativa de leilão do Tecon Santos 10, em 2022, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Desde a então, a Santos Brasil — uma das grandes operadoras de contêineres em Santos — teve o controle adquirido pela companhia francesa de navegação CMA CGM. Ela era a maior opositora à possibilidade de verticalização.
Outra operadora “bandeira branca”, a Wilson Sons, foi vendida à italiana MSC. Ela não está no estuário santista, mas reforça essa nova tendência no mercado brasileiro de contêineres.
Também operam, no maior porto da América Latina, a BTP (controlada pela própria Maersk e pela MSC) e a DP World.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Maersk faz apelo contra restrições a armadores no leilão do Tecon Santos 10 no site CNN Brasil.