Posto fica com Vênus, que alcança temperaturas de 482° C
Este conteúdo foi originalmente publicado em Mais próximo do Sol, Mercúrio não é planeta mais quente; entenda no site CNN Brasil. Tecnologia, Altas temperaturas, Mercúrio, Vênus CNN Brasil
Já é de nosso conhecimento, desde o segundo ano do ensino fundamental, que Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol. O mundo inóspito orbita a apenas 0,387 unidades astronômicas (UAs), o equivalente a 58 milhões de quilômetros. Apesar disso, ele não é o planeta mais quente do Sistema Solar. Enteda abaixo por quê.
Por convenção científica, UA é a distância média entre a Terra e o Sol. Então, podemos afirmar, para efeito de comparação com o primeiro planeta, que a Terra está a 1 UA da nossa estrela, e Netuno, a 30 UAs do Sol.
Para Maria Vincent, astrônoma da Universidade do Havaí, “pode-se pensar que Mercúrio é muito quente o tempo todo porque está muito perto do sol” — disse à Live Science. “Em vez disso, o lado de Mercúrio voltado para o Sol é ultraquente, e o lado noturno é muito frio. Isso ocorre porque Mercúrio não tem atmosfera para regular a temperatura”, explica.
Como é a temperatura em Mercúrio?
Além de esquisito, Mercúrio é o planeta com as temperaturas mais extremas do Sistema Solar. As variações térmicas em sua superfície vão de -184º C (o que é duas vezes mais frio do que qualquer lugar da Terra) e impressionantes 427º C.
Uma marca registrada do planeta, suas crateras se espalham por sua superfície. Algumas delas, localizadas próximas aos polos, são tão profundas que seus abismos jamais receberam luz solar direta, permanecendo na escuridão há 4 bilhões de anos.
Além da ausência de atmosfera, que poderia espalhar e suavizar o calor, como ocorre na Terra, os dias quentes mercurianos são excepcionalmente longos.
A órbita em torno do Sol é rápida, somente 1,5 dia mercuriano, ou 88 dias terrestres. “As condições climáticas extremas não permitem que o planeta tenha água líquida, que é a base da habitabilidade como a conhecemos”, diz Vincent.
Com uma atmosfera extremamente tênue, Mercúrio não tem vento atmosférico. O único vento que tem por lá, o solar, não sopra: é apenas um fluxo de elétrons e prótons que interage com a superfície do planeta.
Quem é, afinal, o planeta mais quente do Sistema Solar?
Embora os seres humanos tenham batido recordes de temperatura na Terra, ano a ano, devido ao aquecimento global causado pelas emissões de gases de efeito estufa, a Terra não é o planeta mais quente do Sistema Solar.
Mesmo mais distante do Sol do que Mercúrio, o título de planeta mais quente vai para Vênus, e isso acontece porque a densa atmosfera lá age como uma estufa, aprisionando o calor e elevando a temperatura superficial a até 482° C.
No entanto, a distância média entre Vênus e o Sol é 0,72 UAs, mas, devido ao fato de a órbita do planeta ser elíptica em relação à estrela, esse número varia entre cerca de 0,718 UAs no periélio (ponto mais próximo do Sol) e aproximadamente 0,728 UAs no afélio.
Para entender por que a temperatura de Vênus é tão quente, podemos usar uma comparação entre as atmosferas dos dois planetas. Aqui, o dióxido de carbono (CO2) presente na exosfera absorve parte do calor que, de outra forma, escaparia de volta para o espaço.
Já em Vênus, que está muito mais perto do Sol do que a Terra, e tem duas mil vezes mais CO2 na atmosfera do que aqui, o resultado não poderia ser diferente do que essa temperatura mais quente do que um forno de pizza.
Lançada em outubro de 2018, a missão BepiColombo, uma parceria entre as agências europeia (ESA) e japonesa (JAXA) está programada para entrar em órbita ao redor de Mercúrio em dezembro de 2025.
Além de fornecer uma visão mais próxima do planeta menos explorado do Sistema Solar, a missão irá fornecer informações detalhadas sobre a temperatura de Mercúrio, principalmente em áreas até agora difíceis de estudar.
Veja também: Nasa anuncia missões para explorar Vênus até 2030
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