Ministra do Meio Ambiente ressaltou a necessidade de implementar decisões para combater a crise climática Internacional, COP30, Crise Climática, Marina Silva, Mudanças climáticas CNN Brasil
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva, criticou as guerras em curso no mundo e chamou a atenção para a necessidade da luta contra a mudança climática e a pobreza.
“Deveríamos estar fazendo guerra contra a pobreza, mudança do clima e perda de biodiversidade”, disse a ministra durante coletiva de imprensa em Londres nesta terça-feira (24) após o primeiro diálogo do Balanço Ético Global (BEG).
“Estamos deslocando recursos e tecnologia para mais destruição de vidas, sonhos e oportunidades com guerras que deixam a todos nós perplexos e inseguros, e guerras que minam o espaço de cooperação e da parceria entre os povos”, alertou Marina.
A ministra chamou a luta contra as mudanças climáticas de “guerra silenciosa”, afirmando que ela não é sentida com a mesma “radicalidade das guerras bélicas”. Segundo a brasileira, cerca de 500 mil pessoas morrem por ano devido apenas a ondas de calor.
“Há uma guerra silenciosa que precisa ser enfrentada por governos e pela sociedade, pelas empresas e pelo sistema financeiro”, adicionou.
Assim, Marina pontuou que é necessário criar constrangimento ético nestes períodos de conflitos “em relação a diferentes formas de autodestruição que estamos fazendo”.
O constrangimento ético teria como objetivo a reflexão sobre o que empresas, governos, diferentes segmentos da sociedade e os próprios indivíduos estão fazendo em relação ao enfrentamento da mudança do clima de forma justa, de acordo com a ministra.
Marina reforçou ainda o ponto de que, acima de tudo, é necessário implementar as ações de combate às mudanças climáticas, alertando que, se isso não for feito, as condições que promovem e sustentam a vida serão inviabilizadas com o desequilíbrio no planeta.
As falas foram feitas após a realização do primeiro diálogo do Balanço Ético Global (BEG), uma iniciativa lançada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.

Segundo a ministra brasileira, a ideia da iniciativa é entender as perspectivas de diferentes setores da sociedade, incluindo, por exemplo, mulheres, a juventude, filósofos, lideranças religiosas, indígenas, afrodescendentes, entre outros, em diferentes continentes.
Esses balanços serão feitos em diversas regiões do mundo. O primeiro, realizado na Europa, foi comandado por Mary Robinson, ex-presidente da Irlanda e referência global em justiça climática.
“Fizemos esse primeiro encontro, que foi um sucesso, no qual as pessoas puderam trazer do ponto de vista da ética o que precisa ser feito ou parar de ser feito para podermos estar alinhados com 1.5, não ultrapassar 1,5 °C de [aumento na] temperatura da terra”, avaliou Marina Silva.
COP30 pode ser marco histórico, diz Marina Silva
Marina Silva também disse durante a coletiva nesta terça que “não há ninguém que imagine que essa COP não possa ser um novo marco após 10 anos do Acordo de Paris”, em referência à conferência do clima que será realizada em Belém, no Brasil, no final deste ano.
Assim, a ministra ressaltou que, para que a conferência seja um marco histórico, é necessário criar o que chamou de “mapa do caminho” para implementar decisões já tomadas — medida que inclui as discussões do Balanço Ético Global.
Em seguida, Marina destacou que é preciso que os países apresentem Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) que “sejam suficientemente ambiciosas [e] alinhadas” com o objetivo de limitar o aumento da temperatura da Terra.
As NDCs são planos e compromissos de cada país para reduzirem emissões de gases do efeito estufa e se adaptarem aos impactos das mudanças climáticas. Segundo a própria ONU, elas estão no “cerne do Acordo de Paris”.
Em outro momento da coletiva, o presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, afirmou esperar que a conferência seja um marco na renovação da confiança no multilateralismo.
“Quanto mais você vê o mundo em crise, mais você vê a necessidade de reafirmar a importância do multilateralismo, porque há uma crescente frustração mundial diante de tantos acontecimentos dos quais nós não estamos vendo o sistema funcionar como deveria”, destacou Corrêa do Lago.