Reserva Betari, em Iporanga, abriga fenômeno raro de organismos que brilham no escuro, indicando a qualidade ambiental da floresta Clima, Ciência, COP30, Mata Atlântica, Meio ambiente CNN Brasil
Uma descoberta fascinante no interior de São Paulo está jogando luz sobre a importância da preservação da Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados do Brasil. Na Reserva Betari, em Iporanga, pesquisadores identificaram um fenômeno natural raro e deslumbrante: liquens bioluminescentes que brilham no escuro.
A Mata Atlântica, que hoje conta com menos de 12% de sua cobertura original, se revela um verdadeiro santuário de biodiversidade neste refúgio. O espetáculo começa quando a noite cai e pequenos pontos verdes iluminam o chão da floresta. São os cogumelos bioluminescentes, organismos raros que emitem luz naturalmente devido a reações químicas em seus tecidos.
Diversidade única de fungos bioluminescentes
A região de Iporanga se destaca como uma das áreas com maior variedade de fungos bioluminescentes do mundo. Das 132 espécies conhecidas globalmente, 28 estão presentes no Brasil, sendo que cerca de 20 podem ser encontradas apenas nesta reserva.
“Aqui é um local que apresenta uma abundância muito grande, uma diversidade muito grande desses fungos, porque aqui a gente está num dos locais que é uma das maiores áreas contínuas que ainda resta de Mata Atlântica. É um fragmento grande, apesar de estar bem fragmentado, ela é uma área com qualidade ambiental”, explica Olavo Della Torre, biólogo da Reserva Betary.
Além dos cogumelos, a floresta reserva outra surpresa luminosa. Os líquens, organismos comuns nos caules das árvores e rochas, revelam cores fascinantes quando expostos à luz ultravioleta. Este fenômeno, descoberto há cerca de três anos por pesquisadores do Instituto de Pesquisas da Biodiversidade (IPBio), tem um significado especial para a ciência.
Indicadores naturais da saúde da floresta
A presença desses líquens fluorescentes é um indicador valioso da qualidade do ar na região. Como não suportam poluição, eles só são encontrados em áreas onde o ar é limpo, tornando-se bioindicadores naturais da saúde da floresta.
“Por se tratar de uma floresta muito bem conservada, com uma diversidade muito grande, a gente tem aqui, muito provável, a maior concentração de variedades de espécies de liquens fluorescentes do Brasil. Um dos nossos objetivos aqui é estudar os pigmentos que são fluorescentes, tentar isolar, descrever e caracterizar esses pigmentos, e pensar em pesquisas para futuras aplicações”, afirma Henrique Domingos, também biólogo na Reserva Betary.
A Reserva Betary, administrada pelo IPBio, agora oferece uma experiência única aos visitantes: caminhadas noturnas guiadas por lanternas especiais, que revelam este mundo oculto de luzes naturais. A iniciativa busca não apenas encantar, mas também educar sobre a importância da preservação ambiental.
