Fernando Miranda projetou, em entrevista ao Capital Insights, que em cinco anos haja “poucos players vencedores” no mercado bancário Negócios, Bancos, CNN Brasil Money, fintechs, Neon CNN Brasil
Um movimento de consolidação deve acontecer no mercado bancário nos próximos anos, desta vez envolvendo fintechs e bancos digitais, avalia o presidente da Neon, Fernando Miranda.
“Daqui a cinco anos haverá poucos players vencedores”, afirma em entrevista ao Capital Insights.
Parceria entre o CNN Money e a Broadcast, o programa entrevista semanalmente referências do mercado financeiro para discutir o cenário econômico do Brasil e do mundo. O Capital Insights vai ao ar toda quinta, às 19h, no CNN Money.
A Neon, que tem mais de 32 milhões de clientes e uma carteira de crédito ao redor de R$ 8 bilhões, quer estar entre os grandes.
Para Miranda, que já passou em sua via profissional tanto por bancos tradicionais, como o Santander, e os digitais, como o Nubank, daqui a alguns anos vão sobrar seis ou sete grandes instituições, e a diferenciação que ainda existe entre bancos incumbentes e fintechs vai deixar de ser relevante. “A tecnologia está aí para todos os players.”
“Apostamos em ser um dos principais players”, diz ele na entrevista.
A Neon encerrou recentemente uma nova rodada de captação de recursos, que somou ao todo R$ 720 milhões. Nela, entraram dois novos investidores internacionais, a IFC (International Finance Corporation), braço do Banco Mundial para o setor privado, e a DEG, subsidiária do Grupo KfW, principal banco de desenvolvimento da Alemanha.
Estes dois novos se juntaram a outros nomes que já eram sócios da Neon, incluindo o banco espanhol BBVA, que fez o primeiro aporte direto na empresa em 2022, de R$ 1,6 bilhão, e a gestora americana General Atlantic.
“Temos crescimento exponencial de receita e lucro”, responde Miranda ao ser perguntado sobre como a fintech conseguiu atrair esses nomes. Para Miranda, esta entrada recente de capital é suficiente para financiar os próximos passos da fintech.
Citada por bancos de investimento como uma candidata a fazer uma IPO (oferta inicial de ações), Miranda diz que não há “uma obsessão” de fazer esse movimento. “Não tenho necessidade nem meta de IPO.”
Miranda afirma que a Neon tem hoje os principais produtos financeiros para ser o banco principal das pessoas.
“O índice de principalidade é alto”, ressalta ele, se referindo a um termo que vem sendo muito usado por bancos digitais e mesmo os tradicionais, para designar o objetivo de ser o primeiro banco do cliente.
Por isso, o foco de 2025 foi de menos lançamentos de produtos e mais estratégia “de colher frutos” dos produtos e serviços que a fintech já tem, e incluem cartão, consignado, seguros e investimentos.
Também houve uma ligeira mudança de foco, com objetivo de atrair clientes com um poder aquisitivo um pouco maior. A Neon lançou nova marca, novo logotipo e nova campanha.
Neste ano, a fintech teve metade dos meses com lucro e outra metade com resultado negativo, mas de magnitude pequena. No crédito, o CEO diz que a Neon vem sendo mais cautelosa nos empréstimos este ano, por conta dos juros em dois dígitos, movimento que tem sido observado no mercado como um todo.
Para ele, dados recentes do Banco Central sinalizam que a inadimplência já pode ter atingido seu pico de alta. E com tendência de queda dos juros em 2026, os calotes podem voltar a cair.
Miranda fala sobre a polêmica envolvendo a tributação maior das fintechs, pauta defendida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O CEO da Neon diz que as fintechs pagam mais impostos que deveriam.

