Alguns carros e marcas tiveram passagens tão rápidas pelo mercado brasileiro quanto meteoros, que não duram mais do que apenas alguns segundos no céu e caem na Terra após, no máximo, um minuto. São inúmeros os casos, mas os chineses representam grande maioria, seja pelo desconhecimento do mercado local, por produtos que não agradam ou por fatores vindos da própria China.
Selecionamos alguns casos de “meteoros chineses” que já passaram pelo Brasil e que, talvez, você nem se lembre.
Seres
No final de 2021, a Seres iniciou suas aparições no Brasil durante eventos de carros eletrificados. Na ocasião, o SF5, um SUV médio elétrico, foi testado por QUATRO RODAS, mesmo antes da estreia oficial da marca no mercado brasileiro, que só ocorreria anos depois, em junho de 2023. As operações se iniciaram com veículos comerciais e, um mês depois, a marca lançou o SUV elétrico Seres 3.

Inicialmente, os planos eram de vender carros apenas pela internet, mas voltaram atrás e inauguraram três lojas (duas em São Paulo e uma no Rio de Janeiro), uma delas na famosa Avenida Europa, em São Paulo, e que foi fechada em dois meses.
Em setembro do mesmo ano, chegou a vez do Seres 5. Ele era, na prática, uma versão elétrica do SF5 testado por nós anos antes, que tinha um motor a combustão com extensor de alcance. Pouco tempo depois, as operações da marca começaram a ruir. Em 2024, apenas oito carros foram vendidos e, a partir daí, a marca passou a prometer uma reformulação nas operações, com seguidos adiamentos, até o encerramento das operações. O último ato foi o leilão de unidades “encalhadas” do Seres 3 por 23% do valor original.

Caoa Chery Tiggo 3X
Em junho de 2021, a Caoa Chery lançou o Tiggo 3X, uma evolução do Tiggo 2 com direito a um fraco motor 1.0 turbo de 102 cv (utilizado apenas por ele no país). Em maio de 2022, um ano após o início das vendas do modelo, ele foi descontinuado junto ao encerramento das atividades da chinesa na fábrica de Jacareí (SP).

Lifan
A passagem da chinesa Lifan nem foi tão rápida assim, mas foi bastante discreta. Ela estreou no Brasil em 2010, com o sedã médio 620 (algo como uma cópia do Toyota Corolla) e o hatch compacto 320 (este uma cópia descarada do Mini Cooper). Passados os anos, a marca lançou modelos como o sedã 530, o SUV grande X80 e o médio X60 que, em 2014, chegou a ser o carro chinês mais vendido do Brasil.
Porém, com dívidas de mais de R$ 23 bilhões na matriz, na China, a marca foi à falência em todo o mundo, em 2021. No Brasil, a operação ainda em funcionamento no ano anterior (2020), tinha carros zero quilômetro de 2018 nas poucas lojas restantes. Eram exemplares do Lifan X80, que havia sido lançado naquele ano e só teve um lote importado ao Brasil.

JAC T80
O SUV grande da JAC Motors durou três anos no mercado e teve cerca de 150 unidades vendidas durante o período. Ele chegou em fevereiro de 2019 ostentando alguns títulos que, hoje, seriam relevantes: foi o carro chinês mais caro e tecnológico do país, além de o SUV de sete lugares mais em conta do mercado. O T80 inha motor 2.0 turbo de 210 cv e câmbio automatizado de dupla embreagem, e deixou de ser vendo no início de 2022.

MG (Morris Garage)
De origem britânica, mas já controlada pelos chineses, a MG apareceu no Brasil em 2010, durante o Salão do Automóvel de São Paulo. Em 2011, inaugurou concessionárias e passou a vender os “diferentões” MG 550 e MG6, ambos com motor 1.8 turbo de 170 cv. As importações, feitas pelo Forest Group, foram interrompidas em 2013 após o fracasso nas vendas.
Mas o tempo passou e a MG tem visto outra oportunidade no Brasil. Ela deverá voltar ainda em 2025 sob operação da chinesa SAIC, com o hatch médio elétrico MG4, de até 435 cv de potência, e o ES5, um SUV médio também elétrico, de 170 cv. Detalhes a respeito da nova operação brasileira ainda são escassos.

Landwind
No auge das cópias, em 2014, a Landwind (cujo nome já demonstra uma “aproximação” de Land Rover) chegou ao Brasil com o SUV X8, equipado com motor 2.0 aspirado de origem Mitsubishi e com apenas 120 cv de potência. O design misturava traços de Outlander, Pajero e alguns Subaru, em uma óbvia inspiração japonesa.
A importadora ficava no Rio de Janeiro e não há informações concretas sobre até quando a marca durou no mercado brasileiro, mas dados mostram que as pouco mais de 200 unidades registradas do X8 no Brasil não têm fabricação mais recente do que 2013. Muitas das unidades, inclusive, têm como registro um motor 2.4, nunca oficializado.

Neta Auto
Pertencente a Hozon New Energy Automobile, a Neta Auto (ou apenas Neta) anunciou sua estreia no Brasil para setembro de 2024. O início das operações não aconteceu no prazo previsto e foi adiado para novembro do mesmo ano, quando os modelos Aya e X tiveram suas pré-vendas abertas ao público. O esportivo elétrico GT chegaria depois, em fevereiro de 2025.

Em janeiro deste ano, inaugurou sua primeira loja no Brasil, no Rio de Janeiro (RJ), prometendo até uma recompensa em dinheiro a quem recomendasse os seus carros. Porém, sua matriz passa por maus momentos financeiros na China, com atrasos de salários e dívidas, que podem levá-la à falência. Isso, junto ao baixo volume de vendas no Brasil (foram pouco mais de 50 unidades vendidas desde a estreia), tem tornado a operação insustentável.
Ainda não há um encerramento oficial das operações brasileiras, uma vez que a marca reforça, de tempos em tempos, que não sairá do país e busca novos investidores. Por outro lado, o site da Neta tem aparecido constantemente “em manutenção” e as redes sociais foram excluídas. Meses atrás, o mesmo ocorria com as mídias, que foram retomadas. Agora, porém, voltam a sair do ar.
