O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), instaurou na noite desta quarta-feira (4/6) inquérito contra a deputada Carla Zambelli (PL-SP) para apurar crimes de coação no curso do processo e obstrução de investigação. O magistrado também requereu à Polícia Federal que colha, em 10 dias, o depoimento da deputada, que pode ser feito por escrito. Ainda, mandou que a PF monitore e preserve o conteúdo postado nas redes sociais da deputada e pessoas próximas a ela.
Ao Banco Central, Moraes determinou que a instituição informe, detalhadamente, os valores e os remetentes de Pix para Carla Zambelli.
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O novo inquérito ocorre em meio à fuga da parlamentar do Brasil após a condenação em 10 anos de prisão pela invasão, com ajuda de um hacker, aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A invasão tinha por objetivo adulterar documentos, como a emissão falsa de mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.
Para justificar o novo inquérito, Moraes argumentou que a deputada anunciou que fugiu do Brasil e, em entrevista à Rádio AuriVerde Brasil, afirmou que vai “voltar a ser a Carla que (…) era antes das amarras que essa ditadura nos impôs”.
Na avaliação de Moraes, a parlamentar reforçou a intenção de eximir-se da aplicação da lei brasileira quando disse que tem cidadania italiana e que seria “intocável” na Itália — e, portanto, não poderia ser extraditada.
Moraes também alegou que Zambelli transferiu as suas redes sociais para a sua mãe, com o intuito de “voltar a propagar notícias fraudulentas sobre o processo eleitoral no Brasil, inclusive no que diz respeito às alegações infundadas de ausência de confiabilidade das urnas eletrônicas”.
O magistrado argumentou também que Zambelli tem dito que adotará o “mesmo modus operandi” usado pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para descredibilizar instituições brasileiras no exterior.
“As diversas entrevistas da ré, em 3/6/2025, indicam que a sua fuga do território nacional se reveste, além da tentativa de impedir a aplicação da lei penal, também, na reiteração das condutas criminosas de atentar contra as Instituições, por meio de desinformação para descredibilizar das instituições democráticas brasileiras e de interferir no andamento de processos judiciais em trâmite nesta Corte”.